A inflação brasileira em novembro subiu 0,18%, retornando ao teto da meta. Economistas veem espaço para corte de juros, com expectativas positivas para 2026.
A inflação no Brasil registrou uma alta de 0,18% em novembro, retornando ao teto da meta nos últimos 12 meses. Esse resultado foi considerado positivo por economistas, que veem espaço para uma possível redução na taxa de juros em breve. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados nesta quarta-feira (10), após um aumento de 0,09% no mês anterior.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Nos últimos 12 meses, o índice de preços ao consumidor (IPCA) ficou em 4,46%, alinhando-se à tolerância da meta oficial do Banco Central, que é de 3% com um limite de 4,5%. Em entrevista ao CNN Money, Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital Markets, afirmou que os dados da inflação indicam um cenário mais favorável, embora não alterem a política monetária do Banco Central no curto prazo.
Argenta destacou que os resultados positivos do IPCA “pavimentam o caminho para uma queda nos juros em breve”. O retorno da inflação para dentro do teto da meta é um sinal positivo, evidenciando que a política monetária está surtindo efeito na economia.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
André Braz, coordenador de Índices de Preços na FGV (Fundação Getúlio Vargas), também considera esse retorno um marco importante, impulsionado pela queda nos preços dos alimentos e pela valorização do real em relação ao dólar.
Entretanto, para 2026, um fator de preocupação para o Copom é o consumo das famílias, especialmente após a aprovação do projeto de isenção do Imposto de Renda, o que pode manter uma postura conservadora do Banco Central, segundo Argenta.
Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Way Investimentos, acredita que o resultado da inflação não deve alterar as expectativas em relação ao corte de juros. A instituição prevê que a redução da Selic comece em janeiro de 2026, e o dado atual pode sugerir que esse processo está prestes a ser iniciado.
Ele ressalta que, apesar do resultado positivo, a expectativa de corte em janeiro permanece inalterada.
Alexandre Maluf, economista da XP, também concorda que, apesar da boa leitura do IPCA, o resultado não deve impactar drasticamente a precificação para o Copom. A XP mantém a expectativa de que o Banco Central inicie o ciclo de cortes em março de 2026.
O economista da Way Investimentos observa que o afrouxamento monetário pelo Banco Central deve ser gradual e dependerá do apoio do governo em relação ao cenário fiscal. Ele enfatiza que a volta da inflação para dentro da meta é uma conquista, mas que poderia ter sido facilitada por ações fiscais mais eficazes.
A expectativa é que a Selic permaneça entre 12% e 12,5% no próximo ano. Argenta também prevê que o Banco Central manterá uma postura conservadora em 2026, devido a movimentos em andamento que podem impactar a inflação futura e as expectativas inflacionárias.
Em novembro, as passagens aéreas foram o principal fator que contribuiu para a alta do IPCA, com um aumento de 11,9%. Isso fez com que a inflação de serviços, um ponto de atenção para o Banco Central, acelerasse para 0,60%, em comparação a 0,41% em outubro.
Economistas explicam que o aumento nos preços das passagens aéreas é comum nos meses finais do ano.
Argenta afirma que esse aumento não é motivo de preocupação no curto e médio prazo, já que a queda anterior nas passagens aéreas, que afetou hotéis e pacotes turísticos, estava se revertendo. André Braz, da FGV, também considera as passagens aéreas um fator sazonal, embora importante para análise.
Ele prevê que o IPCA em dezembro de 2025 fique em 0,2% e que, ao final do ano, a inflação anual seja de 4,13%.
Por fim, a inflação no setor de serviços continua a ser uma preocupação, pois representa uma parte significativa do orçamento familiar e está ligada à demanda, que permanece aquecida, mesmo com a Selic em 15% ao ano. Segundo Braz, a estabilidade nos serviços desde janeiro é um sinal de que a inflação nesse setor ainda não apresenta o arrefecimento desejado pelo Copom.
Autor(a):
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.