Índio registra 175 espécies vegetais com propriedades terapêuticas utilizadas por sua comunidade
Pesquisa visou responder às necessidades dos Pataxó Hã-Hã-Hãi em face do declínio contínuo dos conhecimentos tradicionais.

Um estudo inédito do etnobotânico Hemerson Dantas dos Santos Pataxó Hãhãhãhãi recuperou conhecimentos curativos da sua comunidade indígena. Atualmente, é doutorando no Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Universidade Federal de São Paulo (ICAQF-Unifesp) e, segundo Eliana Rodrigues, sua orientadora de doutorado, é “o primeiro pesquisador etnobotânico indígena do mundo”.
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verminoses, diabetes e hipertensão. As doenças haviam sido originadas ou intensificadas pela fragmentação e dispersão do povo, pela deterioração das condições de vida e pelo contato com a sociedade externa.
No entanto, a partir do primeiro objetivo, e já no âmbito de uma pesquisa acadêmica, o cientista expandiu o escopo do estudo e catalogou 175 plantas medicinais empregadas pelos Pataxó Há-Hã-Hã-Hãi. Deste total, 43 eram utilizadas especificamente para o tratamento das três doenças que inspiraram as investigações, e o uso de 79% delas está em consonância com o que afirma a literatura científica recente.
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Uma das descobertas que mais me chamaram a atenção foi que as principais plantas medicinais utilizadas são espécies exóticas, não nativas, mas introduzidas no território. Isso atesta que a fragmentação e o deslocamento forçado da população originária foram acompanhados por uma extrema devastação ambiental, com a grilagem das terras e a instalação de grandes fazendas.
O mastruz (Dysphania ambrosioides) é uma das plantas mais utilizadas, para verminoses; a moringa (Moringa oleifera), para diabetes; e o capim-cidreira (Cymbopogon citratus), para hipertensão. Das três, duas são exóticas, originárias da Ásia e introduzidas no Brasil a partir do processo colonial ou em tempos mais recentes: o capim-cidreira e a moringa. Quanto ao mastruz, muitos botânicos consideram que a planta já existia em áreas tropicais da América do Sul antes da chegada dos colonizadores e que ela vem sendo utilizada há séculos por povos indígenas.
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A batata-de-purga (Operculina macrocarpa) é outro vegetal classificado como nativo e empregado no tratamento de verminoses. Contudo, até o presente, obtive poucas espécies nativas. Diversas plantas citadas pelos anciãos sumiram da mata, lamenta Pataxó Hãhãhãhãi.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Bianca Lemos
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.