Índio registra 175 espécies vegetais com propriedades terapêuticas utilizadas por sua comunidade

Pesquisa visou responder às necessidades dos Pataxó Hã-Hã-Hãi em face do declínio contínuo dos conhecimentos tradicionais.

11/07/2025 11:33

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Índio registra 175 espécies vegetais com propriedades terapêuticas utilizadas por sua comunidade
(Imagem de reprodução da internet).

Um estudo inédito do etnobotânico Hemerson Dantas dos Santos Pataxó Hãhãhãhãi recuperou conhecimentos curativos da sua comunidade indígena. Atualmente, é doutorando no Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas da Universidade Federal de São Paulo (ICAQF-Unifesp) e, segundo Eliana Rodrigues, sua orientadora de doutorado, é “o primeiro pesquisador etnobotânico indígena do mundo”.

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verminoses, diabetes e hipertensão. As doenças haviam sido originadas ou intensificadas pela fragmentação e dispersão do povo, pela deterioração das condições de vida e pelo contato com a sociedade externa.

No entanto, a partir do primeiro objetivo, e já no âmbito de uma pesquisa acadêmica, o cientista expandiu o escopo do estudo e catalogou 175 plantas medicinais empregadas pelos Pataxó Há-Hã-Hã-Hãi. Deste total, 43 eram utilizadas especificamente para o tratamento das três doenças que inspiraram as investigações, e o uso de 79% delas está em consonância com o que afirma a literatura científica recente.

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Uma das descobertas que mais me chamaram a atenção foi que as principais plantas medicinais utilizadas são espécies exóticas, não nativas, mas introduzidas no território. Isso atesta que a fragmentação e o deslocamento forçado da população originária foram acompanhados por uma extrema devastação ambiental, com a grilagem das terras e a instalação de grandes fazendas.

O mastruz (Dysphania ambrosioides) é uma das plantas mais utilizadas, para verminoses; a moringa (Moringa oleifera), para diabetes; e o capim-cidreira (Cymbopogon citratus), para hipertensão. Das três, duas são exóticas, originárias da Ásia e introduzidas no Brasil a partir do processo colonial ou em tempos mais recentes: o capim-cidreira e a moringa. Quanto ao mastruz, muitos botânicos consideram que a planta já existia em áreas tropicais da América do Sul antes da chegada dos colonizadores e que ela vem sendo utilizada há séculos por povos indígenas.

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A batata-de-purga (Operculina macrocarpa) é outro vegetal classificado como nativo e empregado no tratamento de verminoses. Contudo, até o presente, obtive poucas espécies nativas. Diversas plantas citadas pelos anciãos sumiram da mata, lamenta Pataxó Hãhãhãhãi.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.