Indiciado no caso Bruno Henrique admite fraude em acordo com o Ministério Público
Douglas Ribeiro Pina Barcelos concordou com um acordo de não persecução penal; a autoridade judicial moveu denúncia contra o jogador do Flamengo e mais oito indivíduos pelos delitos de fraude esportiva e desesteljamento.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) formalizou denúncia contra o atacante Bruno Henrique e outros oito investigados, em relação aos crimes de fraude esportiva e estelionato , no âmbito da Operação Spot-Fixing.
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A acusação na peça aponta que o jogador do Flamengo tentou intencionalmente receber um cartão amarelo na partida contra o Santos, em novembro de 2023, para favorecer apostas realizadas por indivíduos próximos.
Apenas Douglas Ribeiro Pina Barcelos aceitou estabelecer um acordo de desistimento criminal, após apresentar confissão e cooperar com as investigações.
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O Ministério Público informou que todos os demais implicados, com exceção de Bruno Henrique e Wander Nunes, também receberam a proposta de acordo, porém a recusaram.
Douglas Ribeiro, apelidado de Dopó, está próximo de Claudinei, outro investigado no caso, que por sua vez é amigo de Wander, irmão de Bruno Henrique. Ele também é jogador de futebol, com passagens por clubes como América-MG, Ipatinga, Nacional-MG, Boa Esporte, Guarani-MG e Murici.
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O inquérito da PF aponta que Ribeiro arriscou R$ 350 no cartão amarelo de Bruno Henrique, com expectativa de lucro de R$ 1.050.
Douglas concordou com as condições apresentadas pelo Ministério Público para que o acordo prosseguisse, admitindo os fatos que lhe foram imputados durante audiência extrajudicial especificamente designada para tal, e, assim, fazendo jus ao benefício, declarou o MP.
O Ministério Público não apresentou acordo a Bruno Henrique.
Bruno Henrique, por sua vez, não teve sequer a oportunidade de negociar um acordo. A denúncia afirma que o Ministério Público optou por não oferecer a proposta ao jogador, entendendo que a solução não seria suficiente para a “reprovação e prevenção do crime”, considerando que a conduta do acusado foi considerada grave do ponto de vista simbólico e social.
Não há margem para abrandar a conduta criminosa atribuída a Bruno Henrique e seu irmão Wander Nunes no que tange ao planejamento e à execução da fraude, diz a denúncia, analisou o MP.
O Ministério Público ressaltou que o atleta, por ser um esportista de destaque nacional e jogador do clube com a maior torcida do país, é considerado um modelo para crianças, jovens e torcedores. Assim, uma punição mais branda poderia legitimar a ocorrência de fraudes no cenário esportivo.
Se o ídolo investiu neste nicho ilícito e pode obter uma resposta branda do Poder Judiciário, a expectativa daqueles que neles se inspiraram será a mesma. E, daqui, tenderá a formatar uma cultura de naturalização de fraudes esportivas e estelionatos, sustenta o MP.
O documento também aponta que o comportamento de Bruno Henrique contribui para a instalação de uma “cultura de vale tudo”, de modo que a “banalização ou tolerância” das ilícitos incentivaria novos delitos, criando uma “verdadeira babel”.
O jogador teria empregado dados confidenciais para favorecer o grupo de apostadores, ainda que atuasse como embaixador da BetPix365, o que o Ministério Público considerou “conduta contraditória e passível de reprovação”.
Ele arquitetou e executou a fraude descrita na denúncia, empregando esse esquema como informação confidencial para violar e danificar o próprio setor que o financiou.
Ademais, a denúncia evidencia o contexto social que agrava o aumento do vício em apostas.
Diante da intensa exploração e consumo de jogos de azar online, e do crescente número de pessoas afetadas pela ludopatía, as fraudes no cenário esportivo atuam como incentivo para usuários já envolvidos e para novos consumidores, ao projetar a ideia de que o ambiente de apostas é tolerante com tais irregularidades em busca incessante por enriquecimento.
Considerando o contexto, a acusação indica que não existe espaço para flexibilização da responsabilização penal de Bruno Henrique e de seu irmão Wander, também indiciado.
considerando todos os elementos que envolvem o caso em questão, não há possibilidade de atenuar a conduta criminosa imputada a Bruno Henrique Pinto e a seu irmão Wander Nunes Pinto Junior em relação ao planejamento e à execução da fraude.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Marcos Oliveira
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.