Homens jovens devem considerar a possibilidade de varizes do escroto

A varicocele, também conhecida por esse nome, pode influenciar a quantidade e a qualidade dos espermatozoides, comprometendo a fertilidade masculina.

27/08/2025 11:08

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Homens jovens devem considerar a possibilidade de varizes do escroto
(Imagem de reprodução da internet).

A varicocele, presente em aproximadamente 15% a 25% dos homens, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), representa uma ameaça à saúde sexual. Ela se inicia ainda na puberdade, porém, geralmente é diagnosticada na idade adulta, quando as consequências se tornam evidentes e a infertilidade é a principal manifestação.

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A condição é marcada por um inchaço das veias testiculares devido a um mau funcionamento das válvulas venosas, o que provoca refluxo sanguíneo. É um mecanismo análogo ao que contribui para a formação das varizes nas pernas, daí que a varicocele também é popularmente conhecida como varizes do escroto.

Pesquisas indicam que a condição é responsável por até 40% dos casos de infertilidade primária (quando não há concepção natural) e 80% dos casos de infertilidade secundária (quando já houve concepção natural). Desta forma, a doença é considerada, por especialistas, a principal causa de infertilidade masculina tratável no país.

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Com o envelhecimento, a qualidade seminal tende a se deteriorar. Contudo, a varicocele surge como um fator determinante que acelera ainda mais essa perda em comparação com outros indivíduos, segundo Ricardo Bertolla, orientador da pós-graduação em Urologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e professor da Wayne State University, nos Estados Unidos. “Os exames iniciais em adolescentes são importantes para evitar que eles cruzem a linha para a infertilidade de maneira precoce.”

Para garantir o suporte adequado à proteção dos espermatozoides, os testículos precisam manter-se a 2°C ou 3°C abaixo da temperatura corporal média, que varia de 36°C a 37°C. O corpo humano utiliza o mecanismo natural das veias testiculares, que se enrolam na artéria testicular, diminuindo a temperatura do sangue arterial que fornece oxigênio e nutrientes aos testículos.

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Na varicocele, as veias dos testículos exibem válvulas defeituosas ou ausentes, causando refluxo e dilatação, o que afeta o mecanismo de troca térmica. Em decorrência, esses órgãos aquecem excessivamente, comprometendo a produção adequada de espermatozoides.

O aumento da temperatura acelera o metabolismo das células testiculares, e essa atividade excessiva as cansa e demanda um maior consumo de oxigênio. Tal estresse causa o desequilíbrio do sistema e leva a uma diminuição na qualidade da produção de espermatozoides. É o conhecido estresse oxidativo, explica o urologista Daniel Zylbersztejn, do Einstein Hospital Israelita.

Em 85% dos casos, a doença afeta as veias do testículo esquerdo, uma vez que esses canais são mais longos e se conectam à veia renal em um ângulo reto, o que eleva a pressão sanguínea e dificulta sua passagem. Contudo, é importante ressaltar que ambos os testículos possuem canais de comunicação entre si, portanto, os sintomas apresentados de um lado podem se manifestar no outro também.

A dor no testículo pode ocorrer, agravada por ficar em pé por longos períodos ou durante a prática de exercícios físicos, além de sensibilidade e peso anormal na região escrotal, inchaço visível e redução do tamanho do testículo. Contudo, muitos homens não apresentam nenhum sintoma, sendo assintomáticos.

A varicocele torna-se aparente a partir do início da adolescência, período em que ocorrem transformações hormonais, ganho de peso e muscular, além de um incremento do fluxo sanguíneo para os testículos. A doença pode ser classificada em três categorias principais, que dependem da intensidade.

No grau 1, ela é detectável apenas durante a manobra de Valsalva, uma técnica para identificar veias dilatadas em que o indivíduo prende a respiração e faz força para expelir o ar enquanto o urologista palpa o escroto acima do testículo. Já no grau 2, o inchaço pode ser verificado apenas pelo toque. O grau 3 é caracterizado por uma dilatação tão grande que é visível através da pele do escroto.

“Isso indica que não é cada pessoa com varicocele que percebe a condição apenas ao observar o próprio corpo”, observou Bertolla. “Como o homem não tem o mesmo incentivo que as mulheres de visitar regularmente um especialista, a varicocele frequentemente passa despercebida durante grande parte da vida dos indivíduos, sendo identificada somente durante a investigação clínica para infertilidade, por exemplo.”

Um homem com varicocele pode ter diminuição do volume testicular e menor concentração e motilidade de seus espermatozoides. A condição também pode causar alterações morfológicas e fragmentação dessas células. Todos esses fatores contribuem para a redução da capacidade reprodutiva.

A varicocele é uma doença tempo-dependente: quanto mais tempo ela está presente no organismo, maior é o risco de causar prejuízos nos testículos, diz Zylbersztejn, que é coordenador da campanha #VemProUro, da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), cujo objetivo é incentivar os jovens a visitarem o consultório regularmente desde cedo. Nem todo homem com varicocele vai ser infértil. Calculamos que essa condição reprodutiva pode atingir cerca de 20 a cada 100 indivíduos diagnosticados nos graus 2 ou 3.

A SBU adverte que a escassez de homens jovens em consultas é um dos principais obstáculos para a detecção precoce da varicocele. A campanha #VemProUro enfatiza que os cuidados especializados devem iniciar logo após a puberdade, por volta dos 13 anos.

O jovem deve realizar consultas anuais com urologista, clínico geral, médico de família, hebiatra ou pediatra. Recomenda-se a realização de exames como ultrassom testicular e espermograma para diagnosticar a varicocele, sempre com a autorização prévia dos responsáveis.

Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor. Em casos leves, a condição é benigna e não requer intervenção cirúrgica. Normalmente, é necessário apenas o acompanhamento regular com o urologista. Já casos avançados podem exigir cirurgia, que consiste na ligadura das veias testiculares.

Assim, as artérias “defeituosas” são interrompidas e ligadas, permitindo que outros sistemas do organismo assumam o controle da temperatura corporal. Isso compreende a produção de suor e a presença do cordão espermático, estrutura que afasta os testículos do corpo central quando há calor e os aproxima no frio, buscando manter a temperatura ideal para o funcionamento adequado dos testículos.

O objetivo da campanha é alterar a percepção de que os homens não necessitam de cuidados médicos. Desde cedo, as mulheres são incentivadas a frequentar o ginecologista e cuidar da própria saúde. Isso se deve ao fato de que os dados demonstram que elas, em média, vivem quase sete anos a mais do que os homens. Segundo o urologista do Einstein, “além de avaliar o jovem em relação a doenças, acredito que cabe ao profissional da saúde orientá-lo sobre outras questões do seu desenvolvimento, como a importância da prática de exercícios físicos, da alimentação saudável, do sexo protegido e de tantas outras situações que possam prejudicar a saúde geral do adolescente.”

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Fonte por: CNN Brasil

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