Homem relata que a corrida se tornou seu grito de liberdade após perder 83 kg

João Ricardo e outros atletas amadores relatam que o esporte desempenhou um papel crucial na superação de dificuldades individuais e no equilíbrio da sa…

15/07/2025 19:13

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Homem relata que a corrida se tornou seu grito de liberdade após perder 83 kg
(Imagem de reprodução da internet).

João Ricardo Santos Medeiros atingiu um peso de 180 kg aos 19 anos. Diagnosticado com obesidade grau três, o jovem começou seu processo de emagrecimento. Inicialmente, planejava realizar a cirurgia bariátrica, mas, por receio da vida, optou por perder peso de forma convencional: através do exercício físico, primeiramente com a caminhada e a hidroginástica, e, posteriormente, com a corrida. Após 11 meses, reduziu 83 kg.

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Com 33 anos, João Ricardo acredita que a corrida salvou sua vida e representou seu grito de liberdade. “Eu sempre disse que a corrida é uma metáfora da vida. Eu não corro para disputar o pódio. Eu corro porque é uma forma de me desafiar. É a minha competição comigo mesmo”, declara em entrevista à CNN.

Para João, além dos benefícios físicos e estéticos alcançados pela corrida, o esporte é seu ponto de equilíbrio para a saúde mental. Pai de uma criança de cinco anos que vive em outra cidade, ele corre pensando em seu filho. “Quando participo de uma prova, eu coloco uma foto dele no papel de parede. Eu penso nele a cada quilômetro, é como uma terapia”, afirma. “A corrida virou meu grito de liberdade, minha celebração diária de estar vivo”.

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Superação e desejo de viver.

A prática de corrida oferece inúmeros benefícios para a saúde mental, já comprovados cientificamente. Pesquisas demonstraram que a atividade aeróbica, como a corrida, estimula a liberação de neurotransmissores, como a serotonina e a endorfina, que favorecem a melhora do humor.

Um estudo de 2021 demonstrou que a prática regular de exercícios físicos pode diminuir em até 60% os riscos para o desenvolvimento da ansiedade. Uma pesquisa nacional recente indicou que qualquer nível de atividade física está relacionada à redução do risco de sintomas depressivos.

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No entanto, para alguns indivíduos, a corrida transcende essa dimensão: representa um sinônimo de superação. A bailarina e dançarina Ariane Guisso, de 26 anos, manteve-se conectada à atividade física desde os seis anos, e a corrida fazia parte do seu treino de condicionamento físico para a dança. Contudo, em 2023, ela sofreu um acidente ao ter um mal súbito enquanto pilotava uma moto.

Com o ocorrido, sofreu lesões na lombar, escápulas, crânio, clavículas, caixa torácica e perfurou o pulmão. “Eu ouvi dos médicos que não iria voltar a andar normalmente por conta da lombar quebrada e que eu teria que desistir da minha profissão como dançarina”, relembra a CNN.

Apesar do diagnóstico negativo, Ariane não aceitou sua nova situação. Durante as sessões de fisioterapia, ela retomou o desejo de correr e optou por se adaptar e se preparar para retornar à atividade física. “Na minha visão, a única alternativa que eu tinha era enfrentar e ser resiliente”, afirma. “Eu não tinha a possibilidade de me sentir vítima ou viver o restante da minha vida como me indicavam. Eu, sendo uma pessoa tão ativa, não aceitava aquilo para mim”, complementa.

Ariane, então, começou aos poucos: completou as sessões de fisioterapia, intercalou com musculação para recuperar a força e o volume muscular e voltou com as caminhadas e, posteriormente, corridas. “A corrida, para mim, é superação e vontade de viver”, declara.

Superação e desejo de viver.

Professor Carlão sempre teve a corrida em sua vida, contudo seu estilo de vida não era o mais saudável: ele fumou por 35 anos e se alimentava de forma inadequada. Em 2015, foi diagnosticado com uma doença rara, a aplasia medular severa, que se manifestou pela produção insuficiente de células sanguíneas pela medula óssea.

Devido ao seu quadro de saúde, que resultou em uma anemia grave, Carlos precisou ser internado urgentamente e recebeu transfusão de sangue. Em 2016, necessitou passar por um transplante de medula óssea. “A partir daí, a minha vida mudou”, afirma à CNN. “Eu decidi usar a corrida para a minha reinserção nesse mundo tão bacana e competitivo [do esporte], mas já como transplantado e grato por ter uma segunda chance”.

Com a orientação de um professor de educação física, Carlos retomou gradualmente caminhadas regulares e, em seguida, corridas. Participou de competições de cinco quilômetros e, em 2017, resolveu correr a São Silvestre. Posteriormente, foi incorporado à equipe brasileira de atletas transplantados e, em 2018, competiu nos Jogos Americanos para Transplantados, nos Estados Unidos, e, em 2019, no Mundial para Transplantados, na Inglaterra.

Ele declara: “Anteriormente, não possuía essa disciplina em relação à prática física. Mas agora o vejo como um compromisso de cuidar de nós mesmos, da nossa casa, do nosso corpo, que é o nosso lar eterno.”

Além da corrida, Carlão é fundador do Instituto Sangue Bom, que incentiva a doação de sangue, de medula óssea e de órgãos. Através do projeto, ele promove corridas e outras atividades para conscientizar sobre a importância de ser um doador. “A corrida é um gesto de amor à vida e de gratidão a Deus e ao meu doador pela possibilidade de continuar vivo”, declara.

Maratona do Rio como realização de sonho.

João Ricardo, Ariane e Carlão não se cruzaram apenas pelas conquistas e superações pessoais. Os três estiveram no Rio de Janeiro em junho para a Maratona do Rio.

Correr a meia maratona (21 km) representou o primeiro grande desafio para Ariane após o acidente. “Quando me inscrevi, ainda não havia retomado a corrida, ainda estava tentando recuperar minha musculatura, mas tive uma fase”, declarou.

João Ricardo, que completou os 10 e 21 km da Maratona do Rio, não teve esta prova como seu primeiro desafio, porém, representou um grande marco em sua trajetória. “Os 10 km trouxeram a minha superação pessoal, e os 21 km trouxeram essa mística, esse sentimento de ajudar o outro, de encontrar pessoas no percurso, te incentivar”, afirma.

Apesar de já ter alcançado mais de 450 medalhas em corridas de rua, a Maratona do Rio representou a realização do sonho de Carlão. “Para nós que somos do esporte, essa corrida é marcante, é vital”, declara.

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Fonte por: CNN Brasil

Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.