HOC alerta: Geopolítica paralisa a ONU e impede consenso global

Cientista político adverte: Competição entre potências mina consenso na ONU e impede diálogo global.

27/09/2025 3:07

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(Imagem de reprodução da internet).

Crise do Multilateralismo: Análise do Cientista Político Henri Ozi Cukier

O cientista político Henri Ozi Cukier, conhecido como Professor HOC, em sua participação no programa ‘WW Especial’ da CNN, diagnosticou a crescente inviabilidade do funcionamento da Organização das Nações Unidas (ONU). A principal causa apontada é a intensificação da rivalidade geopolítica e da competição política entre as potências globais, impactando diretamente a relevância da organização em seus 80 anos de existência.

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Segundo o Professor HOC, a falha da ONU não reside em falhas inerentes à entidade, mas sim na ausência de diálogo entre seus membros. A organização está intrinsecamente ligada aos 193 países que a compõem, e sua eficácia depende da capacidade dos Estados de conversarem e cooperarem.

Fim do Período de Calmaria

O especialista destaca um período de relativa unidade e apaziguamento que a ONU vivenciou, um hiato que se estendeu do final da Guerra Fria até o início do século XXI. Mesmo após os ataques de 11 de setembro de 2001, que ele denomina “era do terrorismo”, e a intervenção americana no Afeganistão, houve algum elemento de unidade e apoio multilateral.

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No entanto, essa calmaria geopolítica foi, em grande parte, resultado de uma transição de poderes, em que a China ainda não havia atingido seu tamanho atual e a Rússia estava em processo de reorganização. “Quando as nações voltam a se sentir mais confiantes e seguras, a ONU perde a sua força”, observou o Professor HOC.

Condomínio Impossível do Conselho de Segurança

O principal obstáculo, segundo o especialista, reside no Conselho de Segurança, que ele chamou de “condomínio”. A incapacidade desse conselho, composto pelos membros permanentes e rotativos, de operar em conjunto, é a base da inviabilidade da ONU.

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O professor é categórico ao afirmar que, no estado atual, é impossível haver unidade dentro do Conselho de Segurança. “O Conselho de Segurança não tem como agir em unidade. Nada vai acontecer ali dentro, no estado atual de competição política e rivalidade geopolítica entre os dois lados”.

Heni Ozi Cukier avalia que essa rivalidade impede que os 15 membros (permanentes e rotativos) funcionem em conjunto. O cientista político descarta a possibilidade de um consenso total entre todos os 193 integrantes da ONU, dada a diversidade de culturas, valores e histórias.

“Eu nem estou imaginando a utopia dos 193 chegarem em algum consenso, porque é muita cultura, é muito valor, é muita história diferente”, disse ele, reforçando que o foco deveria estar na união dos cinco permanentes (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia).

Em última análise, o professor alerta para as consequências históricas do fracasso multilateral. “A história mostra que se a gente tiver um grande conflito maior, global, a ONU morre.”

Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.