Haddad em meio à crise do Imposto sobre Operações Financeiras: “É hora de usar a camisa do confronto”

O ministro da Fazenda defende o engajamento político e a mobilização social em prol da justiça fiscal e no combate às desigualdades no país.

27/06/2025 18:56

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SP - HADDAD/USP/PALESTRA - ECONOMIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, profere palestra no salão nobre do Auditório Rubino de Oliveira, localizado   no 1º andar da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), no Largo São Francisco, região central da   capital paulista, nesta sexta-feira 27, de junho de 2025.   27/06/2025 - Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO
SP - HADDAD/USP/PALESTRA - ECONOMIA - O ministro da Fazenda, Fer...

Em meio à tensão entre Executivo e Congresso após a derrubada do decreto que aumentava as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (27) que chegou o momento de “vestir o uniforme do embate” em prol do que chamou de “bom debate público”. A declaração foi feita durante palestra na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), em evento promovido pela Associação dos Antigos Alunos e pelo Centro Acadêmico XI de Agosto. Embora não tenha citado diretamente a queda do decreto, a fala de Haddad ocorreu após a derrota do governo no Congresso, que derrubou a norma com ampla maioria.

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O ministro afirmou que as forças progressistas devem se mobilizar e propor um projeto de transformação social para combater o avanço do que classificou como “forças obscurantistas”. “Não é hora de se recolher. Agora é a hora de vestir o uniforme do debate público, da disputa por ideias, por futuro. E, com nossas armas – o conhecimento, o bom senso, a empatia e o desejo de melhorar – fazer uma boa luta para aprimorar o Brasil”, declarou Haddad.

Durante sua fala, o ministro defendeu uma reforma tributária mais justa, que envolva os mais ricos no esforço fiscal. Ele afirmou que o país deixa de receber aproximadamente R$ 800 bilhões em benefícios fiscais, enquanto quem tem menor renda paga proporcionalmente mais impostos. “O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. A base da pirâmide sustenta o Estado, e o topo não contribui com sua justa parte para manter a sociedade funcionando”, declarou. “Se o país tem essa desigualdade, ela precisa ser corrigida junto com o ajuste fiscal – e não depois”, acrescentou. Ele também mencionou uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no momento em que foi convidado para chefiar a Fazenda. “No meio da campanha, Lula disse: ‘Quero colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda’. Quando me chamou, perguntei se o slogan valia. Ele disse que sim, e eu aceitei o convite”.

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Ao ser questionado sobre a possibilidade de o governo recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a derrubada do aumento do IOF, Haddad preferiu não se antecipar: “Vamos aguardar a decisão do presidente. Ele me ouviu e está ouvindo outros ministros”. O governo avalia que a derrubada do decreto fere uma prerrogativa constitucional do Executivo e considera acionar o STF para tentar reverter a decisão. Já a oposição acusa o governo de tentar desrespeitar a soberania do Parlamento e judicializar uma questão política e orçamentária. Mesmo sem cravar a estratégia jurídica do Planalto, Haddad reforçou que o debate sobre justiça fiscal é inevitável e deve ser conduzido com coragem e engajamento. “A verdade é o começo da solução. O que ofende não é o debate, é a desigualdade extrema num país entre as dez maiores economias do mundo”.

Fonte por: Jovem Pan

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Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.