Haddad afirma que interferência dos EUA está relacionada a questões de mineração de terras raras

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que a intervenção dos Estados Unidos na política brasileira está relacionada ao interesse estratégico nas terras raras e minerais críticos do Brasil.

Ele argumenta que a competição global por esses recursos, cruciais para a economia do futuro, contribui para as pressões externas sobre o Brasil e a América Latina.

Essa intervenção na política brasileira está relacionada, na minha opinião, com os [terras raras]. Eles [EUA] precisam de um governo aliciado, porque é estratégico para eles. Como eles pensam que a América Latina é o quintal dos Estados Unidos, isso não é uma percepção.

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Haddad também comentou sobre a tentativa de golpe na Bolívia no ano passado. Na época, segundo ele, o bilionário Elon Musk chegou a declarar que apoiaria uma intervenção para assegurar o acesso ao lítio.

Ele recorda quando houve uma tentativa de tomada de controle na Bolívia, em que Elon Musk afirmou que, se fosse necessário, deveríamos realizar um golpe para obter o lítio da Bolívia. Não estou inventando nada, mas estava nos jornais. Ele almeja ser o maior produtor de veículos elétricos do mundo, a China está ultrapassando todos os demais na produção, e ele precisa do lítio. Ele diz que, se você não o obtém por meio de um golpe na Bolívia, deve fazê-lo.

O ministro também destacou a posição vantajosa do Brasil em comparação com outros países e propôs a elaboração de um arcabouço regulatório para o setor.

Não tenho conhecimento do debate sobre o marco regulatório [de terras raras], mas é necessário, e eu tenho conversado com o presidente Lula, que precisamos finalizar o marco regulatório do setor. O setor não está organizado. É uma quantidade pequena, mas muito valiosa. O que está em jogo é muito grande, completou.

Segundo Haddad, o país não possui muitos concorrentes e ele mencionou que a China, que segundo ele possui 44 milhões de toneladas, vai preferir manter suas reservas e utilizá-las internamente.

Possuímos Vietnã e Brasil, com vasta mineração e inúmeros minerais raros. Os Estados Unidos, para ilustrar, não detêm 10% dos minerais críticos que o Brasil possui. Em relação à China, a porcentagem é inferior a 5%. Isso significa que a China tem 20 vezes mais, o Brasil possui mais de 10 vezes mais do que os Estados Unidos.

A inteligência artificial pode otimizar a produção e o consumo de energia limpa, além de auxiliar no desenvolvimento de novas tecnologias e na gestão de redes elétricas inteligentes.

A transformação digital, na visão do ministro, depende, em grande parte, dos recursos naturais do Brasil. Ele ressaltou que o mundo digital demanda grande quantidade de energia, buscando fontes limpas e que necessita de terras raras, devido à exigência desses minérios na fabricação de componentes sofisticados.

Não se consegue fabricar com os minerais comuns um chip moderno, uma GPU moderna, não é possível. A Nvidia depende disso, a Microsoft depende disso, todas elas dependem disso. E precisamos pensar em também ter nossas próprias empresas de tecnologia, declarou.

Ele reiterou a necessidade de diminuir a dependência externa no processamento de dados e destacou que o Ministério da Fazenda conta com uma equipe de trabalho nessa área.

“Você sabe que nós hoje mandamos para processar 60% dos nossos dados, são processados fora do Brasil. Imagine, do ponto de vista da soberania, com as ameaças de imposto, o que isso pode significar?”, pontuou.

Fonte por: CNN Brasil