Pesquisa demonstra a evolução do modelo de competências e identifica um novo perfil de liderança no mercado de trabalho do Brasil.
O mercado de trabalho no Brasil está sofrendo uma transformação estrutural. A progressão profissional fundamentada em diplomas e posições hierárquicas está sendo substituída por um modelo centrado em competências – sobretudo habilidades socioemocionais.
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Essa é a principal conclusão do estudo Mind the Soft Gap – o novo valor do trabalho, conduzido pela Afferolab, consultoria de aprendizagem corporativa, com apoio da PEZCO Economics. A pesquisa ouviu mais de 400 líderes e analisou dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego.
A pesquisa indica que empresas de todos os tamanhos dão prioridade a habilidades lógicas, estratégicas e sistêmicas. Essas competências são valorizadas tanto em funções operacionais quanto em cargos de liderança.
A investigação indica que a habilidade de adaptação, o pensamento crítico e a aplicação prática do conhecimento em diferentes situações são os novos critérios de ascensão profissional. O vínculo direto entre o diploma e a posição ocupada, frequente no século XX, está perdendo relevância.
O aumento da presença de líderes com menos de 35 anos nas empresas foi notável entre 2018 e 2023, em todas as regiões. Os maiores progressos foram observados no Norte (75,9%), Sul (70,4%) e Sudeste (67,4%).
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Alessandra afirma que isso indica uma nova lógica de desenvolvimento. Esses profissionais ocupam cargos de liderança antes de possuírem muitas décadas de experiência formal. Assim, necessitam desenvolver habilidades como inteligência emocional, proficiência digital e visão sistêmica.
O estudo aponta para um crescimento de 30% na quantidade de trabalhadores com ensino médio concluído no mercado formal nos últimos cinco anos. Essa formação se tornou um requisito essencial para posições em setores mais estruturados, notadamente aqueles que demandam conhecimento de tecnologias e aprendizado contínuo.
Essa tendência, contudo, acarreta riscos. A especialista adverte para o potencial aumento da exclusão entre aqueles que não completaram o ensino básico. A solução reside em programas de requalificação que unam o reforço educacional à capacitação técnica.
A pesquisa evidenciou incremento no número de vínculos formais em cargos de gestão e direção. Ademais, observou-se expansão em setores com alta ou média-alta intensidade tecnológica. Para a Afferolab, isso indica o surgimento de uma nova camada técnica, com ênfase em funções operacionais e técnicas, e não apenas em cargos de gestão.
A visão de Alessandra indica que o mercado demanda profissionais com experiência prática, habilidade de adaptação e domínio das tecnologias. A avaliação deixa de ser meramente teórica e se torna diretamente relacionada aos processos de produção.
De 2018 a 2023, contratos com duração de até dois anos aumentaram consideravelmente. Isso sustenta a noção de que a permanência nas empresas é mais curta e que a estabilidade perde relevância no mercado de trabalho formal.
Essa movimentação demanda que os profissionais atualizem suas competências continuamente. A atualização contínua (upskilling) se torna uma resposta às exigências do modelo baseado em competências.
Para Alessandra, o desafio reside em harmonizar o valor das competências humanas com a rapidez da validação digital. Essa transição demanda capacitação técnica, pensamento crítico e proficiência em ferramentas que promovam a inovação.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.