Grupo J&F pode apressar revisão do marco legal nuclear no Brasil, afirma setor
Grupo político pode impulsionar a abertura do mercado nuclear ao setor privado no Brasil, afirma associação de desenvolvimento nuclear. Confira no Poder360.
Participação Privada no Setor Nuclear Brasileiro
Celso Cunha, presidente da ABDAN (Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares), declarou que a entrada do grupo J&F no setor nuclear, por meio da aquisição da Eletronuclear pelo Grupo Âmbar Energia, pode facilitar a revisão do marco legal e aumentar a participação privada no mercado nuclear do Brasil.
Em entrevista ao Poder360, Cunha destacou que “o Grupo Âmbar é conhecido por ajustar a regulação para fazer dar certo. Ganhamos um reforço para mexer no marco legal”. Essa mudança é vista como uma oportunidade para impulsionar o setor.
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Expansão da J&F no Setor Energético
A J&F, controladora da JBS, tem expandido sua atuação no setor energético através do Grupo Âmbar, que já opera usinas termelétricas e atua no mercado livre de energia. A empresa agora busca ingressar no setor nuclear, um segmento considerado estratégico para a matriz energética do país.
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A Eletronuclear é responsável pela operação das usinas de Angra 1 e 2 e pela construção de Angra 3, que está paralisada. Cunha mencionou que a possibilidade de continuar as obras nucleares deixou todo o setor “animado com o reforço” recebido.
Desafios do Marco Legal
O marco legal do setor nuclear é composto por normas que garantem à União o controle sobre etapas essenciais, como a geração de energia e a operação das usinas. Essa estrutura limita a participação privada, dificultando investimentos e o crescimento do segmento.
De acordo com Cunha, essa configuração impede a atração de investimentos privados e desacelera o desenvolvimento do setor. Com o crescente interesse global por fontes de energia limpas e seguras, como a nuclear, essa situação é vista como um obstáculo ao avanço do segmento no Brasil.
Oportunidades de Revisão do Marco Legal
Cunha acredita que a capacidade de articulação política do grupo J&F pode abrir oportunidades para revisar o marco legal. Ele comentou: “Um cara que abriu conversas com Trump não pode não ser uma pessoa com capacidade política ótima. O setor nuclear fica animado em ter uma pessoa com essa capacidade”.
Para viabilizar a entrada do setor privado, seria necessária uma revisão no artigo 21 da Constituição, que atualmente reserva à União a exclusividade sobre a energia nuclear. Além disso, leis infraconstitucionais, como a Lei 4.118 de 1962, também precisariam ser atualizadas para permitir a participação privada na construção e operação de reatores, sob regulação e supervisão do Estado.
Segundo o presidente da ABDAN, o Brasil já deu “pequenos passos” nesse sentido, como a aprovação da Lei 14.514 de 2022, que permitiu a mineração de urânio com participação privada. No entanto, essa abertura ainda não abrange as fases mais estratégicas da cadeia nuclear, como a geração de energia e o licenciamento de reatores, que são cruciais para a expansão do setor.
Autor(a):
Ricardo Tavares
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.