Governo Merz enfrenta aumento da desaprovação após 100 dias
O governo do chanceler alemão, em exercício desde maio, recebe avaliação negativa de 60% da população alemã. O índice de insatisfação com o líder conser…
Com perto de atingir a marca de 100 dias no governo, o governo liderado pelo chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, tem experimentado um aumento da impopularidade. Uma pesquisa realizada pelo instituto Insa e publicada neste domingo (10/08) pelo jornal Bild am Sontag indicou que apenas 27% dos alemães expressam satisfação com o desempenho da coalizão de governo, formada pelo bloco conservador CDU/CSU de Merz e o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda. Trinta por cento expressaram insatisfação e 13% não responderam à pesquisa. No início de junho, aproximadamente um mês após a coalizão assumir o poder, 37% afirmaram estar satisfeitos, enquanto os insatisfeitos chegavam a 44%. Desta forma, a porcentagem de alemães insatisfeitos com o governo aumentou 16 pontos percentuais em pouco mais de dois meses.
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As avaliações sobre o desempenho do chanceler federal Merz são semelhantes. Conforme a pesquisa divulgada neste domingo, apenas 30% dos alemães manifestam satisfação com o trabalho do líder conservador, enquanto 59% o consideram de forma negativa.
Os números são piores do que os enfrentados pelo antecessor de Merz na chefia do governo, o social-democrata Olaf Scholz, que em março de 2022 registrou aprovação de 43% quando completou 100 dias de governo. Scholz, que governou pouco mais de três anos, viu seu breve governo desmoronar em 2024 após disputas internas envolvendo parceiros de coalizão.
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A pesquisa de domingo também indagou os entrevistados sobre suas comparações entre Merz e Scholz. Deste grupo, 26% consideraram que Merz desempenhava um trabalho melhor, 41% não percebiam diferença e 27% opinaram que o atual chanceler federal era pior que seu antecessor.
A comparação entre os dois governos também revelou números semelhantes, com 28% indicando que a coalizão liderada por Merz está desempenhando um trabalho melhor que o governo Scholz, 24% opinando que ela é pior e 38% afirmando que não veem diferença.
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A pesquisa analisou as respostas de 1.321 indivíduos, coletados nos dias 4, 5 e 6 de agosto.
Cem dias de gestão
A última eleição federal na Alemanha ocorreu em fevereiro e, após semanas de negociações, o novo governo tomou posse em 6 de maio. A marca de 100 dias será atingida na quinta-feira (14/08).
As principais marcas do governo resultante da coalizão CDU/CSU e SPD naquele período incluem o endurecimento da política migratória e a imposição de novos controles nas fronteiras.
Após dois anos de recessão, associados principalmente à invasão da Ucrânia pela Rússia e ao consequente aumento dos preços da energia, a maior economia europeia esperava-se recuperar este ano.
Antes de assumir o cargo, Merz também conseguiu estabelecer um fundo de 500 bilhões de euros para modernizar a infraestrutura do país na próxima década e também aumentar os gastos com defesa.
Contudo, os indicadores econômicos da Alemanha ainda apresentam dificuldades. No segundo trimestre, o Produto Interno Bruto da Alemanha recuou 0,1%, após um crescimento de 0,3% no primeiro. Para o ano de 2025, o FMI projeta uma quase estagnação (+0,1%).
Na política externa, Merz também tem buscado fortalecer vínculos com outros parceiros europeus e evitar conflitos com os EUA. O governo de Merz também tem estudado algumas alterações em relação a Israel, devido à crescente percepção negativa do público alemão em relação à conduta de Israel no conflito de Gaza.
Esta semana, por exemplo, ele anunciou a suspensão das exportações de armas que poderiam ser utilizadas no violento conflito na Faixa de Gaza. Apesar disso, Merz tem se posicionado contra esforços de outros países europeus para isolar Israel diplomaticamente e tem enfatizado “o direito de Israel de se defender”. Membros do governo também mantêm contatos frequentes com os israelenses.
Nos primeiros cem dias de governo, a coalizão entre conservadores e social-democratas também apresentou alguns conflitos internos. O mais relevante se refere à nomeação de três juízes do Tribunal Constitucional, onde um número considerável de deputados conservadores rejeitou uma candidata defendida pelos social-democratas, refletindo divergências na coalizão.
Com apenas doze assentos a mais do que o necessário no Parlamento Federal, a coalizão possui uma margem de manobra legislativa limitada.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Ana Carolina Braga
Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.












