Governo mantém indecisão sobre tarifa conhecida como tarifa de Trump

Empresários apontam que o próximo passo do governo nas negociações deve ser solicitar o adiamento da taxa.

23/07/2025 15:43

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Governo mantém indecisão sobre tarifa conhecida como tarifa de Trump
(Imagem de reprodução da internet).

Após ouvir mais de 100 representantes do setor privado, incluindo integrantes da indústria, do agronegócio e de grandes empresas de tecnologia americanas, o governo federal ainda não decidiu como responder à tarifa de 50% anunciada por Donald Trump sobre a importação de produtos brasileiros.

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Apesar de não fornecer muitas informações em pronunciamentos oficiais, os próximos passos do governo na negociação com Trump parecem mais evidentes na perspectiva de empresários que participaram das reuniões, conforme relatado.

As reuniões ocorrem no âmbito do comitê interministerial estabelecido pelo governo para definir a posição do Brasil em relação à questão. O grupo iniciou suas atividades na última terça-feira (15).

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Nos últimos encontros com representantes do setor privado, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que é o comandante do comitê, sinalizou que o próximo movimento do governo deve ser pedir o adiamento da entrada em vigor da tarifa, prevista para 1º de agosto. A intenção é solicitar um adiamento de 60 a 90 dias.

O governo deve indicar que existem produtos brasileiros em portos ou em navios com destino aos Estados Unidos, o que causaria prejuízos aos contratos em vigor de produtores dos dois países. Contudo, o governo reconhece que a probabilidade de o pedido ser aceito pelos EUA é baixa.

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Cada setor também realiza pedidos específicos para a criação de cotas que isentem seus produtos das alíquotas, como demonstraram os setores da carne bovina e do suco de laranja.

A menção de que o Brasil poderia aplicar medidas de reciprocidade em resposta a Trump foi descartada, pelo menos temporariamente, por Alckmin nas reuniões. A estratégia do governo brasileiro, apesar do tom mais firme adotado em algumas declarações pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é buscar limitar os prejuízos.

A avaliação é que a reciprocidade poderia gerar prejuízos ainda maiores aos setores produtivos.

Isto ocorre porque diversas tecnologias cruciais empregadas pela indústria e por produtores brasileiros são originárias dos Estados Unidos. Acrescenta-se a isso o fato de que, caso o Brasil taxe produtos dos EUA, Trump já sinalizou que poderia responder com tarifas ainda mais elevadas.

Outro ponto levantado pelo setor privado nas reuniões é a necessidade de abrir canais de diálogo e enviar uma missão de autoridades a Washington para tratar diretamente do tema.

A nove dias da implementação da tarifa, a diplomacia brasileira ainda enfrenta dificuldades para estabelecer um canal de negociação com os Estados Unidos.

A iniciativa privada, contudo, já se mobiliza e deverá iniciar, em breve, o envio de comitês aos Estados Unidos para negociar diretamente com autoridades americanas, mesmo sem a participação do governo brasileiro.

A iniciativa já obteve o parecer positivo de Alckmin, que a considera uma chance de promover o diálogo e exercer pressão interna nos Estados Unidos, uma vez que, em determinadas situações, os mercados são complementares.

Empresas americanas que atuam na logística de produtos brasileiros podem enfrentar a falência se a tarifa for implementada.

A primeira missão deverá ser organizada pelo setor de mineração, que foi apontado como peça-chave nas negociações com o governo Trump.

O objetivo do setor é obter um tratamento diferenciado em relação às tarifas. O argumento a ser apresentado nas negociações será que os setores minerais dos EUA e do Brasil são complementares.

Compreenda a política tarifária de Trump sobre o Brasil e seus efeitos na economia.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.