Governo divulga resolução que impõe atualização dos estudos de Angra 3
Governo divulga resolução que demanda atualização dos estudos de Angra 3 | Poder Energia
Atualização de Estudos para Angra 3
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou um despacho que solicita à Eletronuclear e ao BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Social e Econômico) a atualização dos estudos econômico-financeiros necessários para a conclusão da usina nuclear Angra 3, localizada no Rio de Janeiro. Essa atualização deve ocorrer antes de uma possível retomada das obras.
Durante uma reunião extraordinária do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) realizada em 1º de outubro, ficou decidido que os estudos devem incluir os custos de três cenários: a continuidade com um sócio privado, que considera o acordo entre Eletrobras e ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional) firmado em abril de 2022; a continuidade apenas com recursos públicos, provenientes da ENBPar e da União; e o abandono do projeto, que deve detalhar os gastos já realizados, as consequências legais, financeiras e técnicas, além dos impactos sobre as empresas públicas do setor nuclear.
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Custos e Gestão de Rejeitos
Os estudos também precisam incluir uma análise detalhada dos custos relacionados à gestão de rejeitos radioativos, ao encerramento seguro das operações no futuro e às medidas de segurança pós-operacionais. O documento completo pode ser consultado no D.O.U (Diário Oficial da União).
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Histórico das Obras de Angra 3
As obras de Angra 3 tiveram início na década de 1980, mas enfrentaram diversas interrupções ao longo dos anos devido a problemas financeiros, contratuais, atrasos e casos de corrupção. Em 2007, o CNPE decidiu pela retomada da construção, e grande parte do projeto civil e do fornecimento de equipamentos foi reiniciada entre 2008 e 2015. Apesar disso, a usina ainda não foi finalizada, e até 2025, estima-se que cerca de 67% da obra esteja concluída.
O custo para finalizar Angra 3 foi estimado em aproximadamente R$ 23 bilhões, valor que ainda não foi atualizado com base nos novos estudos. O TCU (Tribunal de Contas da União), antes da reunião do conselho que decidiu pela atualização dos estudos, estimou custos adicionais de R$ 43 bilhões na tarifa de energia elétrica com a retomada das obras de Angra 3.
De acordo com a Corte de Contas, se os custos relacionados a atrasos, ineficiências ou variações cambiais forem integralmente repassados, as tarifas de energia podem quase dobrar em relação aos valores atuais praticados nas usinas em operação.
Autor(a):
Lara Campos
Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.