Governo brasileiro manifesta indignação em relação ao aumento de tarifas proposto por Trump e exige uma solução considerada adequada
O governo Lula, em carta oficial aos EUA, condena a taxa de 50% e reafirma a vontade de negociar a saída diplomática.

O governo Lula (PT) manifestou forte indignação nesta quarta-feira 16 em relação à tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a importação de todos os produtos brasileiros.
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O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o chanceler Mauro Vieira classificaram a medida como uma ameaça grave à histórica parceria econômica entre as duas maiores economias das Américas, em carta oficial enviada ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante de Comércio, Jamieson Greer.
O governo brasileiro expressa sua forte insatisfação em relação ao anúncio de tarifas de importação de 50%, conforme afirma o documento, que aponta os impactos negativos abrangentes da medida sobre setores estratégicos dos dois países, incluindo indústria, agronegócio e aviação. A carta também ressalta o papel fundamental do comércio bilateral no desenvolvimento mútuo ao longo de mais de dois séculos.
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Apesar da firmeza, o Brasil não interrompeu o diálogo. Os ministros afirmam que o país mantém o compromisso com a via diplomática e busca uma solução mutuamente aceitável para evitar o agravamento da crise comercial. A carta lembra que o governo tem atuado desde antes da escalada tarifária de abril, inclusive com o envio, em maio, de uma proposta de negociação confidencial que permanece sem resposta por parte de Washington.
O governo também contestou a justificativa econômica da tarifa, lembrando que, segundo dados dos próprios norte-americanos, o Brasil acumula um déficit comercial de quase 410 bilhões de dólares com os EUA nos últimos 15 anos. “Trata-se de um gesto unilateral que ignora o esforço brasileiro por equilíbrio e cooperação.”
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O Itamaraty e o MDIC solicitam uma resposta urgente à proposta apresentada em maio, reafirmando o compromisso com o diálogo. A previsão é que, em caso de manutenção da posição dos Estados Unidos, o Brasil possa implementar medidas retributivas a partir de agosto.
Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Ricardo Tavares
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.