Romeu Zema discorre em ‘tribunal de exceção’; Jorginho Mello atribui a responsabilidade ao PT; Tarcísio de Freitas aprofunda seu isolamento.
Governadores de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina manifestaram apoio a Jair Bolsonaro após a divulgação da operação da Polícia Federal e da informação de que o aliado seria monitorado continuamente por meio de tornozeleira eletrônica.
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ordenou a busca e apreensão nos endereços de Bolsonaro e do Partido Liberal (PL).
A decisão da corte considera indícios de que Bolsonaro poderia tentar solicitar asilo nos Estados Unidos, onde seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), reside atualmente em busca de apoio ao ex-presidente.
A determinação impede Bolsonaro de deixar sua residência entre 19h e 7h, de se aproximar de embaixadas, de interagir com embaixadores e diplomatas estrangeiros, e de se comunicar com réus ou investigados pelo STF. Ele também está proibido de acessar redes sociais.
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), foi o primeiro a manifestar apoio a Bolsonaro, considerando a ação um “absurdo ato de perseguição política”. Zema publicou inicialmente uma mensagem e posteriormente um vídeo em solidariedade ao aliado, sendo o mais contundente em sua crítica às decisões e mencionando a possibilidade de um regime de exceção.
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Foram censuradas suas redes, proibiu-se de falar com o filho e impuseram-se tornozeleiras eletrônicas. Tudo isso em um processo repleto de abusos e ilegalidades. Não há democracia quando a Justiça é politizada.
Jorginho Mello (PL), e Tarcísio de Freitas (Republicanos) acompanharam o pronunciamento. Todos mencionaram o bloqueio de comunicação entre eles – Mello descreveu a ação como “violência” e Tarcísio afirmou “não conseguir imaginar a dor”.
Zema foi o único, contudo, a atacar a medida judicial diretamente e acusar o STF de abuso de poder.
Jorginho Mello buscou politizar a manifestação e alegou que o PT foi o responsável pela decisão do ministro Alexandre de Moraes. “Impedir o principal líder da oposição de se comunicar com a população – e até com o próprio filho – é uma violência. Isso partiu de um pedido do PT, partido que tem clara intenção de tirar Bolsonaro das eleições”.
A narrativa apresentada pelo governador de SC, e também bastante utilizada por Eduardo Bolsonaro, é incoerente. Em 2023, Bolsonaro foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, portanto, não pode concorrer a eleições até 2030. Isso significa que, neste momento, ele não está na disputa das eleições do ano seguinte.
Mello também afirma que “é hora de relaxar o clima político”.
As declarações são bastante parecidas com as utilizadas por Tarcísio de Freitas, que se isolou politicamente na semana passada, ao se posicionar entre o ex-presidente Bolsonaro e a economia paulista.
O deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que Tarcísio de Freitas perdeu importância entre os bolsonaristas, ao ser pressionado pelo empresariado e pela indústria de São Paulo.
Sua posição, relatada pelo Brasil de Fato, o levou a perder a influência política como potencial herdeiro de Bolsonaro nas eleições de 2026 e a se afastar do cenário eleitoral. Sua publicação em apoio a Bolsonaro confirma a estratégia de confronto criticada por especialistas.
Em sua publicação, Tarcísio afirma que nunca faltou coragem a Bolsonaro e não faltará agora, “pois ele sabe que estamos e seguiremos ao seu lado”.
Tarcísio afirma que “não haverá pacificação enquanto não encontrarmos o caminho do equilíbrio”. A publicação não foi bem recebida e foi contestada pelo empresário e blogueiro Paulo Figueiredo, e investigado pelo STF por participação na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro.
O empresário afirmou que “é impossível, por definição, haver caminho do equilíbrio” enquanto um lado possui toda a força e nós temos fraqueza. É isso que estamos aqui remediando. Ele reside nos Estados Unidos e se encontra regularmente com Eduardo Bolsonaro, que compartilhou a resposta.
O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), outros dois líderes bolsonaristas no cenário estadual, não emitiram declarações sobre as ações contra o ex-presidente.
Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.