G7 reúne Trump e Lula, com conflito Irã-Israel e tarifas em discussão
Este ano, além do Brasil, Austrália, Ucrânia, Coreia do Sul, México e Índia, foram convidados a participar da cúpula.

A Cúpula do Grupo dos Sete (G7) inicia neste domingo (15), no Canadá, com tensões elevadas devido à escalada do conflito entre Israel e o Irã e da ameaça de uma guerra comercial global, faltando menos de um mês para o fim da trégua tarifária anunciada em abril pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou presença na semana passada e deve chegar na segunda-feira (16) para participar do encontro dos países mais ricos do mundo.
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Além do Brasil, Austrália, Ucrânia, Coreia do Sul, México e Índia foram convidados para a cúpula do G7 neste ano. O encontro ocorre entre este domingo e terça-feira (17), em Kananaskis, Alberta, no Canadá. Esta é a 50ª reunião do grupo, formado por EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá.
Será a primeira vez que Lula e Trump estarão na mesma mesa de negociações desde a posse do republicano, em janeiro. O presidente brasileiro deve aproveitar a alta cúpula global para encontros bilaterais, em especial com Trump. Uma das reuniões já pré-combinadas será com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que busca apoio para a guerra contra a Rússia. Se realizada, será a segunda reunião entre ambos. A primeira ocorreu durante a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2023, em Nova York, após a tentativa frustrada de um encontro durante o G7 daquele ano, no Japão.
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O petista confirmou sua participação na cúpula somente na semana passada, após convite formal feito pelo primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, durante telefonema, a poucos dias do evento nas montanhas canadenses. A presença de Lula na cúpula do G7, contudo, já era prevista. Em visita a Paris, o brasileiro fez, inclusive, uma brincadeira sobre o assunto e disse que iria ao Canadá enquanto os Estados Unidos não anexassem o país vizinho. “Vou participar do G7 antes que os EUA anexem o Canadá como estado americano. Aproveitar esse pouco tempo de respiro que o Canadá tem como soberano”, disse Lula, na ocasião.
A vice-diretora do Centro de Geoeconomia do Atlantic Council, Ananya Kumar, vê o convite do G7 a países como o Brasil como um reflexo do crescente peso dessas nações na economia global, em oposição à menor representatividade das economias mais desenvolvidas. Em 1992, quando a Rússia participou pela primeira vez do G7, as economias combinadas dos cinco países fundadores do bloco Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics) representavam menos de 9% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, enquanto o Grupo dos Sete detinha 63%. “Atualmente, a participação do G7 corresponde a 44% do PIB mundial e a dos membros fundadores do Brics mais que dobrou, atingindo quase 25%”, ressalta Kumar.
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Em 2024, o encontro do G7 deverá ser influenciado pelo aumento de novos conflitos entre Israel e Irã, com impactos na segurança e na economia global decorrentes do aumento dos preços do petróleo. A tensão renovada no Oriente Médio tende a ocupar parte da pauta da reunião, consumindo a agenda dos líderes com outros temas. Os membros do G7 deverão tentar convencer Trump, único líder com real influência sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Israel solicitou ao governo americano que se juntasse à guerra contra o Irã para eliminar o programa nuclear de Teerã.
Encerramento do acordo tarifário.
As discussões sobre os conflitos no Oriente Médio compartilham espaço com as tarifas de Washington, com menos de um mês para o término do período de suspensão das novas taxas, anunciado em abril. Há expectativa de progresso nos acordos entre os EUA e países como Japão e Canadá durante a cúpula. Até o momento, os americanos firmaram acordo apenas com o Reino Unido e avançaram em negociações preliminares com a China.
O primeiro-ministro do Canadá afirmou que uma reunião bilateral com Trump, à margem do encontro do G7, será determinante para avaliar o quão próximos os dois países estão de um acordo sobre tarifas dos EUA. “A cúpula do G7 em Alberta será importante por várias razões”, disse Carney, em entrevista à emissora Radio-Canada.
O G7 identifica três prioridades para 2025: proteção global, incluindo o combate à interferência estrangeira e aprimoramento de respostas conjuntas a incêndios florestais; segurança energética e aceleração da transição digital; e parcerias para ampliar os investimentos privados, gerando empregos com melhores salários. “A Cúpula de Líderes do G7 em Kananaskis é um momento para o Canadá trabalhar com parceiros confiáveis para enfrentar os desafios com união, propósito e força”, declara o primeiro-ministro do Canadá.
O G7 se reúne anualmente para discutir as questões econômicas e políticas globais mais relevantes. O grupo surgiu em 1975, quando a França convidou os líderes, juntamente com a Itália, para a primeira cúpula oficial. No ano seguinte, o Canadá se juntou ao bloco dos países mais ricos do mundo, formando o G7. A União Europeia também participa das reuniões, porém não é considerada membro oficial.
Nos últimos anos, grandes mercados emergentes foram convidados a participar da cúpula, como Brasil, Índia, México, África do Sul e até mesmo a China, cujo papel na economia global tem sido debatido no bloco. “O comunicado dos líderes do ano passado foi especialmente crítico em relação à China, que foi mencionada vinte e nove vezes”, observa Kumar, do Atlantic Council. A Rússia foi suspensa em 2014, devido à anexação da Crimeia.
Com informações do Estadão Conteúdo.
Publicado por Nótaly Tenório
Fonte por: Jovem Pan
Autor(a):
Gabriel Furtado
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.