Fusca: Clássico da Volkswagen se torna objeto de desejo e atinge valores recordes

O Fusca, ícone da Volkswagen, evoluiu de carro popular nos anos 1990 para item de colecionador, com valores superiores a veículos novos.

21/09/2025 3:48

4 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

O Legado do Fusca no Brasil

O Fusca sempre foi conhecido como o carro do povo brasileiro. Simples, econômico e fácil de manter, o modelo atravessou décadas como o automóvel mais associado à identidade nacional. Hoje, o que antes era visto apenas como alternativa acessível, é considerado um clássico valorizado, capaz de ter um preço superior ao de muitos carros novos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em 1994, um Fusca Itamar novo saía da concessionária por cerca de R$ 7.200. Corrigido pela inflação, esse valor representa aproximadamente R$ 62 mil em 2024, refletindo a crescente valorização do veículo ao longo do tempo.

A História da Produção Nacional

Segundo o livro “O Almanaque do Fusca”, a história do carro no Brasil começou no final da década de 1950, quando 30 unidades do Volkswagen Sedan (nome original) desembarcaram no porto de Santos. Essa iniciativa foi liderada por José Bastos Thompson, diretor da Brasmotors, que viu potencial no design arredondado e no motor traseiro refrigerado a ar.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Ele buscou contato com Heinrich Nordhoff, presidente da Volkswagen na Alemanha, e convenceu a empresa a apostar no mercado brasileiro. As primeiras unidades foram rapidamente vendidas, e três anos depois, o carro já era montado em um armazém no bairro do Ipiranga, em São Paulo, com peças vindas da Alemanha.

A Popularização do Nome “Fusca”

Nos anos 1960, o apelido “Fusca” ganhou força. O Volkswagen Sedan era abreviado popularmente para “Volks” e, em muitas regiões, virou “Fuca” ou “Fuquinha”. Com a adição de um “s”, nasceu definitivamente o nome que atravessaria gerações. Reconhecendo o apelo popular, a própria Volkswagen oficializou a nomenclatura no final da década.

Leia também:

O Fusca como Símbolo da Industrialização

A ascensão do Fusca coincidiu com o governo de Juscelino Kubitschek, que lançou o programa “50 anos em 5” para acelerar a modernização do Brasil. O incentivo à indústria nacional foi fundamental para que a Volkswagen se consolidasse. Em dez anos de funcionamento, a montadora já havia produzido 380 mil carros no país.

O Fusca se adaptava como poucos à realidade brasileira: era resistente às estradas esburacadas, tinha consumo baixo em comparação aos enormes carros norte-americanos que dominavam o mercado e oferecia manutenção simples, ideal para oficinas ainda pouco estruturadas.

O Auge e o Declínio do Fusca

Na década de 1970, o Fusca representava 40% das vendas nacionais de automóveis, com média de 200 mil unidades por ano. Nesse período, a Volkswagen exportou o modelo brasileiro para 62 países, transformando o Fusca em um produto global. No entanto, com a chegada de novos modelos, como Gol, Voyage e Parati, o Fusca começou a perder espaço, buscando um carro com mais conforto e espaço interno.

Em 1986, após quase três décadas de produção nacional, o Fusca deixou de ser fabricado no país.

O Retorno do “Fusca Itamar”

O carro, no entanto, ainda tinha fôlego. Em 1993, a pedido do presidente Itamar Franco, a Volkswagen retomou sua produção. A volta foi celebrada e marcou o apelido que ficaria para sempre: “Fusca Itamar”. Produzido até 1996, ele preservava a essência do modelo clássico, com mecânica simples e design praticamente inalterado desde os anos 1930.

Em 1994, o preço de tabela era de R$ 7.200, um valor competitivo para a época, que permitiu a muitas famílias realizarem o sonho do carro zero. Corrigido pela inflação, esse valor equivale a cerca de R$ 62 mil em 2024.

O modelo que marcou a industrialização do país e esteve presente no cotidiano de milhões de brasileiros agora atrai colecionadores e entusiastas, com preços que superam os de veículos zero quilômetro. A trajetória do Fusca mostra como um automóvel simples pode ganhar novo significado com o passar do tempo, unindo história, memória e valorização de mercado.

Autor(a):

Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.