Fundo soberano da Noruega desvia investimentos de 11 empresas israelenses

Banco da Noruega justifica alocação de recursos em Gaza como resposta a uma “crise humanitária” e pressão para investir em empresas ligadas ao conflito.

11/08/2025 21:22

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(Imagem de reprodução da internet).

O Fundo Soberano da Noruega anunciou na segunda-feira, 11, a venda integral de seus investimentos em 11 empresas israelenses em razão da crise humanitária enfrentada em Gaza.

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Nicolai Tangen, diretor do Norges Bank Investment Management (NBIM), gestor do fundo, afirmou que a decisão foi tomada “em razão de circunstâncias excepcionais”.

A situação em Gaza representa uma grave crise humanitária. Possuímos investimentos em empresas que atuam em um país em guerra, e as condições na Cisjordânia e em Gaza têm se deteriorado recentemente. Em resposta, pretendemos intensificar ainda mais nossa prévia análise, afirmou Tangen em um comunicado.

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O patrimônio da Noruega, financiado pelas receitas provenientes das exportações de petróleo do país, é o maior fundo soberano do mundo. Ele acumula investimentos de 1,9 trilhão de dólares, em mais de 8.600 empresas em todo o globo.

A ação se deu após o jornal norueguês Aftenposten divulgar que o fundo havia investido na empresa israelense Bet Shemesh Engines Holdings, que produz peças para motores utilizados em aeronaves de combate.

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Tangen confirmou posteriormente as informações. Segundo ele, o fundo de fato elevou sua participação na fabricante após o início da ofensiva israelense em Gaza.

As operações militares israelenses iniciaram em 7 de outubro de 2023 após ataques do Hamas contra Israel, grupo fundamentalista considerado uma organização terrorista pela União Europeia.

align=”center”>Executivo solicita revisão da política de investimentos.

As revelações levaram a primeira-ministra norueguesa, Jonas Gahr Store, a solicitar ao ministro das Finanças, Jens Stoltenberg, uma revisão na política de investimentos do NBIM, que é vinculado ao banco central norueguês, o Norges Bank. Stoltenberg foi secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) até 2024.

Segundo o NBIM, o fundo norueguês acumulava investimentos em 61 empresas israelenses até o final do primeiro semestre deste ano, 11 das quais não compunham seu “índice de referência de ações”.

O índice criado pelo Ministério das Finanças inclui 8.700 empresas e é utilizado para avaliar o desempenho de ativos e direcionar investimentos. Empresas que não são listadas são consideradas fora do alcance do fundo.

O banco declarou em nota que “todos os investimentos em empresas israelenses que não fazem parte do índice de referência de ações serão vendidos o mais rápido possível”. Adicionalmente, informou que “os investimentos do fundo em Israel serão limitados às empresas que estão no índice de referência de ações”.

A NBIM também informou que todos os investimentos em empresas israelenses conduzidos por gestores externos seriam direcionados para a estrutura interna do banco e que os acordos com os administradores israelenses seriam rescindidos.

align=”center”>O Banco da Noruega deve anunciar novas medidas.

Em coletiva de imprensa na segunda-feira, Stoltenberg manifestou satisfação com a atuação rápida do Norges Bank, mas expressou a expectativa de que o fundo adote novas medidas. O ministro negou a possibilidade de uma venda de ativos de todas as empresas israelenses, indicando que apenas os investimentos relacionados ao conflito devem ser restringidos.

As políticas éticas do fundo estabelecem que ele não deve investir em empresas que contribuam para violações do direito internacional por Estados. Assim, o fundo não deve deter ações em empresas que contribuem para a guerra de Israel em Gaza ou para a ocupação da Cisjordânia.

A revisão da política de investimentos está programada até 20 de agosto, e o NBIM acredita que “há muito tempo presta atenção especial a empresas associadas a guerra e conflitos”.

Desde 2020, mantivemos contato com mais de 60 empresas para discutir o tema. Deste grupo, 39 diálogos estavam focados em Cisjordânia e Gaza, declarou a organização. O Norges Bank informou que a fiscalização das empresas israelenses foi intensificada em 2024, o que resultou na venda de alguns ativos anteriormente.

A KLP, também nesta segunda-feira, anunciou a exclusão da empresa israelense NextVision Stabilized Systems de seus investimentos devido a ela fornecer componentes para drones militares utilizados na guerra em Gaza.

Fonte por: Carta Capital

Autor(a):

Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.