Fumar por oito minutos pode indicar relação com parada cardíaca
De acordo com um segundo especialista, o tabagismo está associado a mais de 50 enfermidades, incluindo câncer, patologias respiratórias e doenças cardiovasculares.

A auxiliar de saúde bucal Meiry Vilela, com 63 anos, fumava desde os 25. Em 2023, ela sentiu uma dor no braço esquerdo ao acordar. Persistiu em realizar suas atividades diárias, apesar das insistências de sua filha para procurar atendimento hospitalar. Ao optar por buscar ajuda médica, desmaiou no trajeto até o local, sofrendo um infarto e parada cardiorrespiratória que se estendeu por oito minutos.
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Ela despertou 10 dias após permanecer em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sem apresentar nenhuma consequência. Os médicos afirmaram que seu caso é um milagre. Após essa experiência, Meiry resolveu abandonar o hábito de fumar.
Decidi por essa escolha devido ao amor das pessoas que me cercam. Tive recentemente a notícia de que virei avó e desejava acompanhar o desenvolvimento do meu neto. Sabia que, caso persistisse no hábito de fumar, não conseguiria testemunhar esse crescimento.
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Ao sair do hospital, Meiry descartou todos os seus maços de cigarro no lixo. “Falei para minha filha: ‘Eu não vou colocar mais um cigarro na minha boca. A partir de hoje, não quero mais saber de cigarro’”, recorda.
O caso de Meiry ilustra uma das possíveis consequências do tabagismo : o infarto, podendo resultar em parada cardiorrespiratória.
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O tabagismo é responsável por mais de 50 doenças, incluindo câncer, doenças respiratórias e doenças cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio, afirma Maria Vera Cruz de Oliveira, pneumologista do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE).
O fumo contém substâncias que, além de gerar vício, causam o estreitamento, a inflamação e a formação de placas de gordura e cálcio nas artérias. Ademais, o tabagismo também está associado a um risco elevado de hipertensão arterial, o que, por sua vez, aumenta as probabilidades de infarto.
Os sinais de alerta de um infarto incluem dor no peito, falta de ar, suor frio, náuseas e vômitos, e sensação de fadiga.
Oliveira aponta que a dor no peito é um dos sinais de alerta para pacientes fumantes em relação ao infarto. “Essa dor, em geral, não é contínua. Ela dura alguns segundos ou minutos, desaparece e depois retorna”, explica.
Outros sintomas associados a infarto incluem:
A recência da dependência da nicotina impõe dificuldades significativas na cessação do hábito.
Quando Meiry decidiu parar de fumar, ela não acendeu mais cigarros. Ela optou por interromper o hábito completamente, em vez de seguir um processo gradual. “Eu começei a ficar ansiosa e, para lidar com a ansiedade, eu fazia caminhadas, tomava muita água e comia aquelas cenouras pequenas”, relata.
Quando eu me sentia excessivamente ansiosa, buscava atividades para ocupar o tempo. Iniciei a auxiliar em um projeto social em uma igreja próxima à minha residência, preparando sopas para oferecer a indivíduos em situação de rua, o que me proporcionou grande alívio.
Ademais, Meiry iniciou também a psicoterapia. A terapia cognitivo-comportamental, inclusive, é uma das estratégias utilizadas para o tratamento do tabagismo, associada ao uso de medicamentos como substitutos de nicotina – que podem vir na forma de adesivos, pastilhas ou gomas de mascar, além de bupropiona e nortriptilina, ambos antidepressivos que podem ser empregados como tratamento de segunda linha para o abandono do fumo.
De acordo com Oliveira, após a interrupção do tabagismo, os riscos cardiovasculares diminuem. “Após um ano sem fumar, os riscos diminuem em 50%. Então, ainda há um risco. Mas após cinco a dez anos, esse perigo vai igualar a uma pessoa que nunca fumou”, afirma a pneumologista.
Há dois anos sem fumar, Meiry tem uma única conselho para quem deseja largar o cigarro: “Não espere o amanhã. Não espere chegar ao mesmo ponto que eu cheguei. Tome uma decisão. É a nossa decisão que faz a diferença. A nossa vida é muito mais importante do que acender um cigarro.”
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Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Ana Carolina Braga
Ana Carolina é engenheira de software e jornalista especializada em tecnologia. Ela traduz conceitos complexos em conteúdos acessíveis e instigantes. Ana também cobre tendências em startups, inteligência artificial e segurança cibernética, unindo seu amor pela escrita e pelo mundo digital.