França corre risco de ter seu terceiro premiês em menos de um ano
O parlamentar François Bayrou passará por votação de avaliação na Assembleia Nacional na segunda-feira (8) e a oposição, detentora da maioria no Legisla…

O chefe de governo francês, François Bayrou, cumpre uma agenda acalorada buscando sua posição. A crise também ameaça a estabilidade política na França. Do Congresso, onde a oposição detém a maioria, exigem a renúncia de Bayrou e a realização de novas eleições legislativas.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Seria a quarta modificação na liderança do governo em um único ano. O descontrole associado ao mandato foi originado pela própria chefe de governo, ao determinar, para o dia 8 de setembro, uma votação de confiança na Assembleia Nacional em relação ao seu projeto de redução de despesas.
No país, o presidente – Emmanuel Macron – possui atribuições envolvendo, especialmente, a Política Externa e a Defesa. O primeiro-ministro, que é nomeado pela Presidência, cuida da governança interna, executa o orçamento e precisa ter a maioria do Parlamento para governar.
Leia também:

Ataque da Rússia impacta edifício do governo ucraniano pela primeira vez

Edifício de 15 andares, destinado ao uso do Exército de Israel, apresentava características complexas residenciais

Nicolás Maduro teme golpe militar, afirma especialista
Conflito orçamentário
A proposta orçamentária de Bayrou é impopular, inclusive entre os governistas. Entre as propostas, encontram-se o fim de dois feriados nacionais, o aumento de impostos, a redução de benefícios sociais e outras despesas, o que resultaria, segundo o documento, em um corte de 44 bilhões de euros (R$ 279 bilhões).
A França enfrenta o agravamento de uma crise fiscal, com déficit público (5,8% do PIB) quase o dobro do limite estabelecido pela União Europeia e uma dívida que excede os 114% do PIB – totalizando mais de €3 trilhões (R$ 19,05 trilhões). O ex-prefeito de Bayrouche, Michael Barrier, foi afastado após apenas três meses de gestão, devido a um processo de destituição por censura após aprovar um orçamento sem a aprovação do Legislativo.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A oposição considera o projeto da coalizão governista como um plano de austeridade e critica as propostas. A extrema direita afirmou que o primeiro-ministro se mostra irredutível em negociações sobre a peça orçamentária. O Partido Socialista apresentou um conjunto de novas medidas a Bayrou, que as classificou como “uma forma de gastar mais”.
O professor da UFF e pesquisador de Harvard, Vitelio Brustolin, destaca que a possível queda de Bayroux representa um grave golpe para o país e para Macron, que poderá ver sua Presidência ainda mais enfraquecida.
Enfrenta-se um dilema na França. Por um lado, há estabilidade política, do outro, a credibilidade fiscal. Um dos lados inevitavelmente sofrerá prejuízos, segundo ele. “O governo de Macron enfrenta um dilema irresolúvel de forma ideal”, destaca Brustolin.
Cenário eleitoral possível
Apesar do risco de uma crise política, a maioria dos franceses prefere a saída de Bayroux e que Macron convoque uma nova eleição legislativa, de acordo com pesquisa do IFOP (Instituto Francês de Opinião Pública).
A reunião nacional, partido de extrema direita liderado por Marine Le Pen, já preparou uma lista de candidatos para concorrer ao possível pleito, segundo informações da Reuters.
Se o pleito se concretizar, a Reunião Nacional obteria a liderança com 33% dos votos. A coligação de partidos de centro, que forma o governo atual, possui 15% das intenções de voto.
O professor de Relações Internacionais da FGV e da ESPM, Vinicius Rodrigues Vieira, afirma que a instabilidade política contínua atrai mais eleitores para a extrema direita.
Para Rodrigues, considerando a ausência de resposta do centro político liderado por Macron às preocupações da população francesa, “não se possa estranhar que a extrema direita possa ser cada vez mais vista pelos franceses como uma alternativa de poder real”.
Ele argumenta que a extrema-direita já possui maior destaque e facilidade para influenciar as discussões em comparação com o governo Macron. Isso se deve à ausência de convergência entre o centro. “Ela terá força cada vez maior, não só nas eleições legislativas, mas também nas eleições presidenciais”, afirma, ressaltando a falta de um sucessor claro a Macron.
A União Europeia acompanha a situação na França com atenção. A França é a segunda maior economia da Europa, sucedida apenas pela Alemanha, e possui grande influência no Parlamento do bloco.
A persistência de uma política instável na França contribui para o aumento da volatilidade do mercado europeu, fragilizando o Eurozona e a União Europeia, segundo Vitelio Brustolin. O pesquisador também destaca que o país perde espaço em projetos que necessitam de liderança, podendo até serem adiados se a França estiver debilitada.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Gabriel Furtado
Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.