Fotolivro Parada será lançado em São Paulo
O fotolivro Parada, que será apresentado em São Paulo no final deste mês, compila uma década de registros da Parada LGBT+ feitos pelo fotógrafo Iatã Cannabrava. A curadoria e o texto são de responsabilidade da artista visual e estudante de cinema Manauara Clandestina, que enxerga na obra uma forma de homenagear a resistência e a diversidade do movimento.
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“É um trabalho muito bonito, e não caberia tudo em um só livro. Acho que esse foi o desafio maior: selecionar. É muito bonito perceber que alguém se preocupou em acompanhar esse movimento político”, declarou em entrevista.
Proposta vai além da estética
De acordo com Clandestina, a proposta do fotolivro ultrapassa a estética e a celebração. “Existe beleza nesse manifesto anual que acontece em São Paulo, mas, sobretudo, tem essa identidade política”, enfatizou. O projeto foi apoiado pelo edital Programa de Ação Cultural (Proac) da Secretaria da Cultura do estado de São Paulo, que visa fortalecer a cultura LGBT+.
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Para a artista, a arte desempenha um papel crucial no combate à exclusão e à violência. “A maneira que a arte se posiciona com possibilidade de diálogo, sem dúvida, é o que esse livro está fazendo. É sobre mostrar que, para além da dor e da ausência em vários lugares da política em relação à população LGBT+, existe essa beleza e essa grande felicidade em ser quem se é, de fato”, afirmou.
Marcos da luta por direitos
No texto que acompanha o livro, Clandestina menciona marcos importantes da luta por direitos no Brasil, como a revogação da lei da vadiagem, que criminalizava profissionais do sexo, muitas delas travestis. “Infelizmente, muitas de nós ainda estamos sendo empurradas para a marginalidade. O acesso e a permanência aos lugares de educação ainda são negados”, ressaltou.
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Ela também destacou a necessidade de políticas públicas voltadas para a população trans e a importância de reconhecer a trajetória das pioneiras que resistiram durante a ditadura. “Nós somos também a resposta de muitas que lutaram, das mais velhas, que tiveram força para resistir”, reforçou.
O papel transformador da arte
Além do livro, Clandestina apresenta na 36ª Bienal de São Paulo, que ocorrerá até 11 de janeiro de 2026, a instalação Transclandestina 2020, um projeto de multilinguagem que combina fotografia, escultura têxtil e performance. “É minha primeira participação na Bienal de São Paulo. Eu escrevi e dirigi o curta com o meu companheiro Bernardo Bessa. Transclandestina pensa em um futuro onde as pessoas trans já se organizam para emigrar. Eu vejo a imigração como uma tecnologia de sobrevivência da minha população”, explicou.
Serviço
- Lançamento do fotolivro Parada
- Data: 31 de outubro, às 18h
- Local: Livraria Mega Fauna (Copan), no centro de São Paulo