Lançamento acontece em 31 de outubro, às 18h, no coração da capital Paulista.
O fotolivro Parada, que será apresentado em São Paulo no final deste mês, compila uma década de registros da Parada LGBT+ feitos pelo fotógrafo Iatã Cannabrava. A curadoria e o texto são de responsabilidade da artista visual e estudante de cinema Manauara Clandestina, que enxerga na obra uma forma de homenagear a resistência e a diversidade do movimento.
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“É um trabalho muito bonito, e não caberia tudo em um só livro. Acho que esse foi o desafio maior: selecionar. É muito bonito perceber que alguém se preocupou em acompanhar esse movimento político”, declarou em entrevista.
De acordo com Clandestina, a proposta do fotolivro ultrapassa a estética e a celebração. “Existe beleza nesse manifesto anual que acontece em São Paulo, mas, sobretudo, tem essa identidade política”, enfatizou. O projeto foi apoiado pelo edital Programa de Ação Cultural (Proac) da Secretaria da Cultura do estado de São Paulo, que visa fortalecer a cultura LGBT+.
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Para a artista, a arte desempenha um papel crucial no combate à exclusão e à violência. “A maneira que a arte se posiciona com possibilidade de diálogo, sem dúvida, é o que esse livro está fazendo. É sobre mostrar que, para além da dor e da ausência em vários lugares da política em relação à população LGBT+, existe essa beleza e essa grande felicidade em ser quem se é, de fato”, afirmou.
No texto que acompanha o livro, Clandestina menciona marcos importantes da luta por direitos no Brasil, como a revogação da lei da vadiagem, que criminalizava profissionais do sexo, muitas delas travestis. “Infelizmente, muitas de nós ainda estamos sendo empurradas para a marginalidade. O acesso e a permanência aos lugares de educação ainda são negados”, ressaltou.
Ela também destacou a necessidade de políticas públicas voltadas para a população trans e a importância de reconhecer a trajetória das pioneiras que resistiram durante a ditadura. “Nós somos também a resposta de muitas que lutaram, das mais velhas, que tiveram força para resistir”, reforçou.
Além do livro, Clandestina apresenta na 36ª Bienal de São Paulo, que ocorrerá até 11 de janeiro de 2026, a instalação Transclandestina 2020, um projeto de multilinguagem que combina fotografia, escultura têxtil e performance. “É minha primeira participação na Bienal de São Paulo. Eu escrevi e dirigi o curta com o meu companheiro Bernardo Bessa. Transclandestina pensa em um futuro onde as pessoas trans já se organizam para emigrar. Eu vejo a imigração como uma tecnologia de sobrevivência da minha população”, explicou.
Autor(a):
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.