Fósseis Microscópicos no Atlântico Revelam Sistema de Navegação de Criaturas Marinhas Antigas
Fósseis microscópicos encontrados no Atlântico Norte sugerem que criaturas marinhas antigas possuíam um “sistema de GPS interno” para navegação.
Fósseis Microscópicos Revelam Possível Sistema de Navegação de Criaturas Marinhas Antigas
Fósseis microscópicos magnéticos encontrados em sedimentos do fundo do mar no Atlântico Norte podem indicar a existência de um “sistema de GPS interno” em uma antiga criatura marinha. Essa espécie utilizava o campo magnético da Terra para se orientar em longas distâncias, de acordo com cientistas.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Os fósseis, que são cerca de 50 vezes menores que a largura de um fio de cabelo humano, são compostos por um mineral de ferro altamente magnético conhecido como magnetita.
Os pesquisadores acreditam que essas partículas estavam ligadas a um organismo marinho, embora a espécie específica ainda não tenha sido identificada. Diversos fósseis com até 97 milhões de anos já foram recuperados, gerando um debate sobre sua origem biológica.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Um estudo recente utilizou imagens tridimensionais para analisar a estrutura magnética de uma partícula de magnetita em forma de cone, datada de 56 milhões de anos.
Estrutura Magnética e Navegação
A análise revelou características que otimizam a detecção da intensidade e direção do campo magnético da Terra, uma força gerada pelo movimento do ferro derretido no núcleo do planeta. O interior do fóssil apresentava um circuito fechado de magnetização, semelhante a um vórtice.
Leia também:
Estudo revela novas evidências sobre a cavidade nasal dos Neandertais em crânio de Altamura
Queda da Cloudflare gera instabilidade global em plataformas como X, ChatGPT e Amazon
Leopardo surpreende ao brincar com besouro rola-bosta em safari na África, diz fotógrafo Nick Kleer
Segundo os cientistas, essa partícula poderia ter sido utilizada para desenvolver um sentido de magnetorrecepção em um animal, essencial para a navegação.
Rich Harrison, professor de materiais terrestres e planetários da Universidade de Cambridge e co-líder do estudo, explicou que a forte magnetização da partícula a tornaria ideal para detectar variações no campo magnético da Terra. Isso seria crucial para um “GPS natural”, permitindo que um animal se localizasse com precisão.
Possíveis Criaturas e Desafios de Identificação
Embora se acredite que alguns animais migratórios, como pássaros e peixes, utilizem o campo magnético para se orientar, os detalhes desse processo ainda não são claros. Uma hipótese sugere que partículas de magnetita em seus corpos se alinham com o campo magnético, semelhante a uma bússola.
Identificar a criatura a que os fósseis pertenciam é um desafio, já que não foram encontrados junto a outros restos corporais.
Os pesquisadores consideram que esses fósseis poderiam ser de um animal migratório comum, como as enguias, que realizam longas migrações pelo Oceano Atlântico. As larvas são transportadas por correntes oceânicas, e os adultos retornam ao Mar dos Sargaços após anos.
Além disso, o organismo responsável pelos fósseis de magnetita pode ter sido um tipo de micróbio, já que as partículas se assemelham a magnetossomos, que são produzidos por certas bactérias.
Desvendando o “GPS Biológico”
Segundo Sergio Valencia, físico e co-líder do estudo, muitos organismos, incluindo mamíferos e aves, possuem capacidades de navegação magnética, mas os mecanismos exatos ainda são desconhecidos. Ele destacou que, se partículas magnéticas existem nesses animais, elas são extremamente pequenas e difíceis de localizar.
Valencia propôs que, se essas partículas fizessem parte de um organismo vivo, poderiam estar conectadas a células magnetorreceptoras, funcionando como sensores magnéticos. À medida que a partícula se ajustasse ao campo magnético da Terra, poderia gerar um sinal que o organismo utilizaria para perceber a intensidade e a direção do campo, permitindo uma navegação precisa.
Autor(a):
Júlia Mendes
Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.












