FMI projeta dívida do Brasil em 98,1% do PIB em cinco anos, com 91,4% em 2023
Para este ano, a previsão é de 91,4% do PIB, ficando atrás apenas de Bahrein, Ucrânia e China; a metodologia de cálculo do indicador difere da do Brasil.
Dívida Pública do Brasil Segundo o FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta que a dívida pública bruta do Brasil ultrapassará 90% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, alcançando 98,1% em cinco anos. O relatório Monitor Fiscal, divulgado nesta quarta-feira, 15, apresenta um cenário ligeiramente melhor que o anterior, mas ainda gera preocupações sobre as finanças públicas do país.
A previsão para a dívida em 2023 é de 91,4% do PIB, um pouco abaixo dos 98,2% estimados anteriormente. No ano passado, a dívida foi de 87,3% do PIB, conforme os cálculos do FMI. A projeção anterior para 2030 era de 99,4% do PIB.
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Indicadores de Solvência e Metodologia do FMI
O endividamento bruto é um dos principais indicadores de solvência de um país e é monitorado de perto por analistas e investidores. Contudo, a metodologia do FMI para calcular a dívida bruta difere da adotada pelo governo brasileiro. O Fundo inclui na conta os títulos do Tesouro Nacional que estão na carteira do Banco Central, enquanto essa inclusão não é considerada na metodologia brasileira.
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De acordo com as regras brasileiras, o endividamento bruto estava em 77,5% do PIB em agosto, com a dívida totalizando R$ 9,6 trilhões naquele mês. Comparando com outras 37 economias emergentes, apenas três países apresentam uma relação dívida/PIB superior à do Brasil: Bahrein (142,5% do PIB), Ucrânia (108,6% do PIB) e China (96,3% do PIB).
Projeções de Resultado Primário
O FMI não alterou suas projeções para o resultado primário em relação às estimativas anteriores. A expectativa é de um déficit de 0,6% do PIB em 2023 e de 0,4% do PIB em 2026. A partir de 2027, o resultado deve ser superavitário, começando em 0,3% do PIB e subindo para 1,4% do PIB em 2030.
Essas projeções referem-se ao governo geral, que abrange União, Estados e municípios, excluindo estatais. Segundo as regras do arcabouço fiscal, o Brasil deveria ter um déficit zero em 2023 e um superávit de 0,25% do PIB em 2026, com uma banda que flexibiliza essas metas.
Crescimento Econômico e Programa Bolsa Família
Na terça-feira, 14, o FMI divulgou novas projeções de crescimento para a economia global. Para o Brasil, a estimativa de crescimento em 2025 foi elevada para 2,4%, acima dos 2,3% previstos anteriormente. Para 2026, a expectativa é de 1,9%, inferior aos 2,1% estimados antes. O crescimento mais robusto em 2025 pode justificar a previsão um pouco menor para a dívida bruta nesse período.
O Monitor Fiscal também inclui uma seção sobre a realocação de gastos públicos, onde o FMI analisa o Bolsa Família e elogia o programa. O texto destaca que o Brasil oferece lições valiosas sobre como integrar a proteção social às políticas educacionais, promovendo equidade e melhores resultados de aprendizagem.
Implementado em 2003, o programa exige que as famílias garantam a frequência escolar de seus filhos e a realização de exames de saúde para receberem o benefício. Essa política contribuiu significativamente para aumentar a frequência escolar entre crianças de baixa renda, reduzindo a evasão escolar e promovendo a equidade.
Autor(a):
Pedro Santana
Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.