Feira do Milho registra baixa adesão e efeitos da seca
A tradicional Feira do Milho de Natal, instalada em área do Centro Administrativo, perto da Arena das Dunas, começou suas atividades no último sábado (7) com pouca circulação e dúvidas sobre a disponibilidade do produto. Apesar do local possuir capacidade para receber pelo menos 10 vendedores, até a manhã de quarta-feira (11) apenas […]

A tradicional Feira do Milho de Natal, instalada em área do Centro Administrativo, perto da Arena das Dunas, começou suas atividades no último sábado (7) com pouca circulação e dúvidas sobre a disponibilidade do produto. Apesar do espaço ser adequado para receber pelo menos 10 comerciantes, até a manhã desta quarta-feira (11) apenas um produtor estava presente. A baixa participação se junta às dificuldades enfrentadas por agricultores familiares em todo o Rio Grande do Norte, impactados pela intensa seca que prejudicou a colheita de milho em 2025.
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Sheilya Bezerra, 39 anos, agricultora e a única comerciante presente no local nesta terça-feira (11) pela manhã, relata que as vendas começaram a apresentar sinais de recuperação, porém ainda estão abaixo do esperado para o período junino. “Hoje está melhorando, mas ainda só tem a gente”, afirma. Em relação aos preços, ela confirma que a “mão de milho”, que equivale a 50 espigas, está sendo vendida entre R$ 40 e R$ 50. Apesar do baixo movimento, ela acredita em um impulso nas vendas, principalmente devido ao fato de o local já abrigar a Feira do Milho pelo terceiro ano consecutivo. Sheilya lamenta, contudo, que a estiagem tenha comprometido tanto a quantidade quanto a qualidade da produção.
A chuva no milho não cresceu adequadamente, segundo Sheilya, que calcula uma queda de cerca de 15% na sua produção.
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Conforme Cleudo Juventino, assessor técnico do Sistema Faern/Senar, a situação da produção no campo é mais grave do que se observa. “Houve muita perda. Não temos uma porcentagem ainda precisa, mas é algo em torno de mais de 50% até agora”, afirma. As regiões mais afetadas foram o Alto Oeste, Seridó, Sertão Central e Mato Grande. Apesar disso, ele descarta um desabastecimento de milho durante o período junino, explicando que o déficit do milho de sequeiro (cultivado sem irrigação) tem sido compensado pelo milho irrigado vindo de outras regiões, especialmente do Ceará.
A Federação da Agricultura do RN (Faern) também destaca a importância da Feira do Milho como espaço de comercialização direta entre agricultores familiares e consumidores. Embora reconheça que o impacto da feira nos preços estaduais é limitado, a entidade ressalta o papel social e econômico da atividade em Natal, reunindo produtores de outros municípios, como Touros e São José de Mipibu. O espaço é considerado estratégico para o escoamento da produção e a geração de renda, especialmente neste período junino.
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Seca afeta a maior parte da produção de milho.
Dados fornecidos pelo Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte (Emater-RN) indicam um quadro ainda mais grave para a agricultura familiar. Pesquisas conduzidas pelos escritórios regionais da instituição revelam perdas de 70% a 80% na produção de milho e feijão de sequeiro em 2025. Vários municípios já estão solicitando acesso ao Garantia Safra, programa do Governo Federal que auxilia agricultores familiares que sofreram perdas na safra decorrentes de condições climáticas.
Alexandre Lima, Secretário do Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf), reconhece o quadro de perdas significativas na safra do milho no Rio Grande do Norte. “Entre as culturas que tiveram perdas significativas, o milho é, sem dúvida, o cultivo que mais sofreu com a estiagem do Rio Grande do Norte. Podemos afirmar categoricamente que a perda da safra de milho este ano será quase total, restringindo-se à produção de milho do Rio Grande do Norte para aqueles agricultores que possuem irrigação. Fora das áreas irrigadas, a produção de milho no Estado será muito pequena”, afirma.
Diante da situação, a principal política governamental para os agricultores afetados pela seca é o Garantia Safra. “Este programa atenderá às famílias que comprovarem uma perda superior a 50%. O Garantia Safra poderá beneficiar mais de 35 mil famílias no Rio Grande do Norte, incluindo os produtores de milho”, explica Alexandre.
A flutuação dos preços do milho verde, particularmente no período junino, é influenciada pela variação da oferta e da demanda. Diferentemente do milho em grãos, que é afetado por cotações nacionais e internacionais, o milho verde possui seu preço significativamente impactado por elementos regionais, como irrigação, clima e a logística de transporte até os locais de venda.
A Faern aponta que, em 2024, a mão de milho foi comercializada em média R$ 40,00 em Natal, valor que serve como referência em 2025, ainda que possa apresentar flutuações ocasionais.
A Feira do Milho continua aberta todos os dias, das 5h às 20h, até o dia 5 de julho.
Fonte por: Tribuna do Norte
Autor(a):
Sofia Martins
Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.