Fatos reveladores trazidos à tona

A restrição à Flipei em São Paulo expõe o cinismo da extrema-direita na defesa da liberdade de expressão.

07/08/2025 17:29

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Fatos reveladores trazidos à tona
(Imagem de reprodução da internet).

A decisão da prefeitura de São Paulo de censurar a Festa Literária das Editoras Independentes, a Flipei, é apenas grave e inaceitável em uma democracia. Ela também demonstra que o discurso da extrema-direita sobre a suposta defesa da liberdade de expressão é uma grande farsa.

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A programação da semana na capital paulista foi afetada por uma carta, na qual a prefeitura justifica a sua decisão de cancelar o evento, alegando que o espaço destinado a Praça das Artes deveria ser utilizado exclusivamente para fins educacionais, não para atividades político-partidárias ou ideológicas. O comunicado é assinado pelo diretor-geral da Fundação Theatro Municipal de São Paulo, Abraão Mafra de Oliveira Lopes.

A mesma sede do Theatro Municipal, que inaugurou suas atividades em março do ano anterior, recebeu uma homenagem à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, durante o período em que seu marido enfrentava processos por tentativa de golpe de Estado.

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A Flipei acontecerá em um novo espaço. Ninguém impedirá um evento que reúne escritores, pensadores e ativistas na busca por reinventar o futuro. Contudo, os ataques sofridos pelos organizadores vão muito além da tentativa de silenciar uma manifestação literária. A censura deve servir de alerta para o que pode acontecer se a extrema-direita retornar ao poder em Brasília, caso avance no controle do Legislativo, se ampliar sua participação em prefeituras de grandes metrópoles e em estados da federação.

A extrema-direita nunca se preocupou com a liberdade de expressão. Quando ataca o Judiciário, busca apenas o direito de mentir, difamar, desinformar e disseminar ódio sem qualquer restrição. Para alguns, a “liberdade”. Para o contraditório, a mordaça. Atualmente, sabemos que a mentira mata, o ódio alimenta a violência e a desinformação ameaça a democracia. A linguagem é poder, e qualquer movimento político sabe disso.

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Em 2023, o bilionário Elon Musk publicou nas redes sociais uma imagem de uma camiseta com a frase “Faça Orwell Ficção Novamente”, uma referência ao lema de campanha de Donald Trump, “Faça a América Grande Novamente”. Trata-se de um apelo para combater as realidades distópicas apresentadas nas obras do escritor George Orwell, que criticam os avanços do autoritarismo, a vigilância estatal e a perda das liberdades civis na sociedade atual.

Em 1984, Orwell descreve os aspectos de um regime totalitário que exerce controle sobre os cidadãos por meio da propaganda, da desinformação e da vigilância permanente. Utilizando uma interpretação equivocada, Elon Musk e membros da extrema-direita têm associado os governos ocidentais e democráticos à opressão delineada pelo autor. Desta forma, argumentam que estariam promovendo a libertação da sociedade.

Atualmente, Musk é o dono de uma das ferramentas mais poderosas da nossa geração. Sua plataforma tem a capacidade de conectar pessoas e gerar um senso de comunidade, mas também pode ser utilizada para cometer atos criminosos graves. Logo após a conclusão da aquisição, houve um aumento da intolerância em sua nova rede social. Em 12 horas após o negócio de 44 bilhões de dólares, foram publicadas, em média, 4,7 mil mensagens de ódio por hora – mais de quatro vezes a taxa registrada nas 12 horas anteriores. O emprego de termos racistas subiu 400%.

Elon Musk demitiu indivíduos que defendiam a mediação dessa violência e retomou 62 mil contas suspensas, incluindo perfis de neonazistas e Donald Trump. Apresentando-se como um “absolutista da liberdade de expressão”, o empresário também desmantelou a equipe responsável por avaliar a incorporação de questões éticas na elaboração de algoritmos e no treinamento da inteligência artificial.

Tão preocupante quanto essas medidas foi a manifestação dos aplausos de Trump: “Eu amo a verdade”. Contudo, sabemos que até essa frase é falsa.

Existe um projeto político autoritário por trás desta ofensiva, que seja denominado crime. Se há um projeto de ganância financeira, que também seja dado o nome adequado: imoral.

A censura contra a Flipei não deve ser subestimada. Trata-se de um ataque à democracia, uma sinalização do caráter autoritário de um movimento político e uma evidência extra da ameaça que a arte representa para o projeto da extrema-direita. Atualmente, com a decisão da prefeitura paulistana, a Flipei deixou de ser apenas um evento literário. Sua realização é, agora, um ato de resistência. Está em jogo a capacidade de preservarmos os espaços civis, a base de qualquer democracia.

Publicado na edição nº 1374 de CartaCapital, em 13 de agosto de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título “Farsantes expostos”.

Fonte por: Carta Capital

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