Formatura e Pesquisa de Fabiana Rodrigues da Silva
O cabelo de Fabiana Rodrigues da Silva foi cuidadosamente arrumado por sua mãe para sua formatura na educação infantil. No entanto, o penteado foi desfeito a seco pela equipe da creche para a foto com a beca. Esse episódio deixou uma marca em Fabiana, que hoje é pesquisadora.
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Na USP (Universidade de São Paulo), ela defendeu uma tese de mestrado sobre práticas antirracistas na pedagogia, trabalho que lhe rendeu o 5º Prêmio Vladimir Herzog na categoria Educação. A dissertação, intitulada “Corpografias Negras: Afetividades e Pedagogias Emancipatórias em Prática Antirracistas”, foi desenvolvida com base em suas experiências pessoais.
Desafios e Realidades na Educação Infantil
Uma das experiências que influenciaram Fabiana foi a jornada de seu filho, uma criança negra que enfrentou dificuldades desde cedo, o que exigiu tratamentos específicos. Fabiana fez um alerta sobre a realidade na educação infantil: “Crianças negras são menos tocadas e recebem menos afetos”, afirmou ao Jornal da USP.
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Ela explica que isso se deve a estereótipos que levam professoras a ver crianças negras como menos delicadas ou limpas em comparação às brancas. “É importante entender que todos aprendem a partir do toque. Se a criança sente que seu corpo é rejeitado, ela crescerá se rejeitando também.”
Transformação nas Representações
A dissertação de Fabiana defende a necessidade de transformar as representações de indivíduos negros e indígenas nos materiais e práticas pedagógicas. Sua pesquisa analisou as narrativas sobre pessoas negras, abordando sua presença nos processos educacionais.
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Ela observa que é comum a ausência de pessoas negras em livros didáticos ou, quando retratadas, aparecem em papéis subalternos, como empregadas domésticas. A pesquisadora destaca a influência do conteúdo consumido na formação da percepção de mundo.
Propostas para uma Sociedade Equitativa
Para reverter esse cenário e construir uma sociedade mais justa, Fabiana propõe a recriação de imaginários coletivos por meio de novas narrativas positivas. “A recriação dos imaginários deve vir de representações positivas em mídias, livros e no acesso a diferentes espaços”, afirma.
Ela defende práticas de aprendizagem que promovam o desenvolvimento do pensamento crítico e a transformação social contra desigualdades sociais, raciais, de gênero e sexualidade. Sugere ações concretas, como revisar os materiais nas bibliotecas escolares e incluir livros com temáticas racializadas e autores negros.
Reconhecimento Acadêmico
O 5º Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos, promovido pela Unicamp e pelo Instituto Vladimir Herzog, valoriza pesquisas de graduação, mestrado e doutorado, como a de Fabiana. O objetivo é aproximar a universidade da sociedade na defesa dos direitos humanos para as gerações atuais e futuras.
