Críticas à autorização de perfuração na Foz do Amazonas
A autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a perfuração do bloco 59 na Foz do Amazonas tem gerado críticas entre ambientalistas. Em entrevista ao Conexão BdF, Nicole Oliveira, diretora executiva do Instituto Arayara, destacou que a decisão ocorre em um momento preocupante, especialmente a menos de um mês da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em Belém (PA).
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Oliveira enfatizou que o Brasil se propõe a ser um líder climático. Ana Toni, presidente da COP, tem se esforçado para mobilizar outros países em compromissos ambiciosos. A aprovação da licença para o bloco 59, segundo ela, envia um sinal negativo sobre a liderança do Brasil no cenário global.
Riscos da perfuração e impactos locais
A diretora alertou sobre os riscos associados à perfuração. A atividade sísmica pode prejudicar a biodiversidade marinha e afetar as comunidades pesqueiras da região, impactando tanto a exportação de peixes quanto a sobrevivência dessas comunidades tradicionais.
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Oliveira também ressaltou que o bloco 59 representa apenas o início de um processo maior. “Não é apenas um teste, como tem sido promovido. Essa área é de grande profundidade, com 2.500 metros, e ainda é desconhecida. O bloco 59 abre portas para a exploração de petróleo em uma região sensível que não conhecemos bem”, afirmou.
Exploração de petróleo e transição energética
Em relação à necessidade de expandir a exploração de petróleo, Oliveira argumentou que “o Brasil exporta de 40% a 45% do petróleo que produz, então essa ideia é uma falácia”. Ela sugeriu que o país deve focar na transição para reduzir a demanda interna, em vez de buscar novas fronteiras de exploração.
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A diretora defendeu investimentos em fontes de energia limpa, como eólicas offshore. “A Petrobras pode investir nessas fontes. O governo deve planejar o uso do espaço marinho para que a energia eólica não prejudique pescadores e comunidades locais. Não é mais viável furar novos poços de petróleo para conter o caos climático”, alertou.
