Exploração da Foz do Amazonas ameaça liderança climática do Brasil, alerta Nicole Oliveira

Nicole Oliveira afirma que a decisão do Ibama ‘abre as portas’ para a perfuração de petróleo em regiões sensíveis e inexploradas.

22/10/2025 12:06

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(Imagem de reprodução da internet).

Críticas à autorização de perfuração na Foz do Amazonas

A autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a perfuração do bloco 59 na Foz do Amazonas tem gerado críticas entre ambientalistas. Em entrevista ao Conexão BdF, Nicole Oliveira, diretora executiva do Instituto Arayara, destacou que a decisão ocorre em um momento preocupante, especialmente a menos de um mês da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que acontecerá em Belém (PA).

Oliveira enfatizou que o Brasil se propõe a ser um líder climático. Ana Toni, presidente da COP, tem se esforçado para mobilizar outros países em compromissos ambiciosos. A aprovação da licença para o bloco 59, segundo ela, envia um sinal negativo sobre a liderança do Brasil no cenário global.

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Riscos da perfuração e impactos locais

A diretora alertou sobre os riscos associados à perfuração. A atividade sísmica pode prejudicar a biodiversidade marinha e afetar as comunidades pesqueiras da região, impactando tanto a exportação de peixes quanto a sobrevivência dessas comunidades tradicionais.

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Oliveira também ressaltou que o bloco 59 representa apenas o início de um processo maior. “Não é apenas um teste, como tem sido promovido. Essa área é de grande profundidade, com 2.500 metros, e ainda é desconhecida. O bloco 59 abre portas para a exploração de petróleo em uma região sensível que não conhecemos bem”, afirmou.

Exploração de petróleo e transição energética

Em relação à necessidade de expandir a exploração de petróleo, Oliveira argumentou que “o Brasil exporta de 40% a 45% do petróleo que produz, então essa ideia é uma falácia”. Ela sugeriu que o país deve focar na transição para reduzir a demanda interna, em vez de buscar novas fronteiras de exploração.

A diretora defendeu investimentos em fontes de energia limpa, como eólicas offshore. “A Petrobras pode investir nessas fontes. O governo deve planejar o uso do espaço marinho para que a energia eólica não prejudique pescadores e comunidades locais. Não é mais viável furar novos poços de petróleo para conter o caos climático”, alertou.

Autor(a):

Ambientalista desde sempre, Bianca Lemos se dedica a reportagens que inspiram mudanças e conscientizam sobre as questões ambientais. Com uma abordagem sensível e dados bem fundamentados, seus textos chamam a atenção para a urgência do cuidado com o planeta.