Sob ordem de Alexandre de Moraes, o ex-presidente deverá utilizar tornozeleira e não poderá se aproximar de embaixadas.
O Palácio do Planalto acompanha com atenção a repercussão da operação deflagrada pela Polícia Federal nesta sexta-feira 18 contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A avaliação entre auxiliares do presidente Lula (PT) é que o governo de Donald Trump pode voltar a se manifestar nas próximas horas, elevando a tensão diplomática entre os dois países.
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu a autorização, impondo ao ex-presidente uma série de medidas cautelares. Dentre elas, o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de contato com embaixadores e outros investigados, o veto à aproximação de embaixadas e consulados, e a restrição total ao uso de redes sociais. Bolsonaro também deverá permanecer em casa das 19h às 7h, inclusive aos fins de semana.
A decisão de Moraes aponta indícios de conluio no curso do processo, obstrução da Justiça e atentado à soberania nacional. Segundo a investigação, Bolsonaro teria articulado com seu filho Eduardo, que se encontra atualmente nos Estados Unidos, uma pressão externa contra o STF, inclusive com o apoio direto de Trump, que solicitou publicamente o fim do processo judicial contra o ex-capitão.
Lula qualificou a atitude de Trump como “chantagem inaceitável” e acusou aliados brasileiros do ex-presidente de atuarem contra os interesses nacionais. O clima entre Brasília e Washington, deteriorado pelas tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, pode se agravar com novas declarações do republicano em defesa de Bolsonaro, como já ocorreu em ocasiões anteriores.
Fontes no Itamaraty admitem que existe a expectativa de que Trump reaja politicamente à operação. O governo brasileiro, contudo, reafirma que não interfere no Judiciário e que a decisão foi tomada por um ministro do Supremo com base em investigações conduzidas pela Polícia Federal e validadas pela Procuradoria-Geral da República.
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Fonte por: Carta Capital
Autor(a):
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.