Ex-soldado de Cunha, Hugo Motta, lança novo livro com conteúdo crítico a Lula

A liderança da Câmara concedeu o aval para a alteração da tributação do IOF e para a aprovação do aumento de salários dos parlamentares.

17/07/2025 20:27

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Ex-soldado de Cunha, Hugo Motta, lança novo livro com conteúdo crítico a Lula
(Imagem de reprodução da internet).

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi aliado de Eduardo Cunha durante sua atuação na presidência da Câmara e atuou para prejudicar o governo Dilma Rousseff. Ele segue os conselhos do antigo mentor ao tentar criar dificuldades para o atual presidente Lula.

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Cunha montou uma “farsa” para prejudicar Dilma, como Motta fez com Lula. O petista vetou a lei de aumento do número de deputados e Motta reagiu com a aprovação imediata de um projeto que remove 30 bilhões de reais do Fundo Social do pré-sal, administrado pelo governo, e direciona o valor para a quitação de dívidas rurais.

Adicionalmente, considera-se a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que retomou os aspectos essenciais do decreto governamental relativo ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

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Motta demonstrava interesse específico na legislação referente ao número de deputados. Em 2023, o Supremo Tribunal Federal determinou que o tamanho das cadeiras na Câmara dos Deputados deveria ser reavaliado com base nos dados demográficos do último censo divulgados pelo IBGE. A alteração diminuiria o número de parlamentares de sete estados, incluindo a Paraíba, estado de origem de Motta, e o Rio de Janeiro, local de nascimento da família Cunha. Para evitar a redução de representação, Motta apoiou uma solução que elevava o total de assentos na Câmara, beneficiando ambos os estados. A proposta apresentada pela deputada Dani Cunha (União Brasil-RJ), filha de Eduardo Cunha, foi levada ao plenário em 25 de junho.

Eduardo Cunha exerceu a presidência da Câmara entre fevereiro de 2015 e maio de 2016 e sofreu sua queda poucos dias após seus parlamentares aprovarem o processo de impeachment de Dilma. Durante seu mandato, o então deputado cassado promoveu uma disputa aberta contra a petista, buscando que ela intervisse na Operação Lava Jato, que colocava em risco seu cargo e o de diversos associados.

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Cunha intensificou iniciativas que estabeleciam despesas para o governo. Por exemplo: prorrogar as aposentadorias do INSS, os reajustes do salário mínimo, vincular a remuneração dos advogados públicos da União aos vencimentos dos ministros do Supremo e aumentar em 59% a remuneração no Judiciário.

Cunha estava sob investigação naquele momento, em razão da Operação Lava Jato. Ele foi acusado de receber propinas em troca da facilitação de contratos de empresas com a Petrobras.

Outra de suas ações para evitar acusações foi a criação de uma CPI da Petrobras no início de 2015, tão logo assumiu o cargo na Câmara. Ele nomeou um jovem deputado de apenas 26 anos para presidir a comissão: Hugo Motta. Este estava em seu segundo mandato e havia se tornado um apoiador de Cunha.

A ação representou um golpe surpresa. O que motivou a renúncia do então presidente da Câmara em setembro de 2016 foi o ato de mentir na CPI da Petrobras em maio de 2015. Em seu depoimento à comissão, negou possuir dinheiro escondido no exterior – e ele tinha.

Nos seus últimos dias de poder, Cunha ainda tentou indicar Motta para a liderança do PMDB, visando conter sua própria queda. Contudo, a articulação não obteve sucesso: Leonardo Picciani (RJ), contrário ao impeachment, foi o escolhido, e posteriormente, Baleia Rossi (SP), que atualmente preside o MDB.

Atualmente, Cunha e Motta compartilham o mesmo cargo, no Republicanos.

Fonte por: Carta Capital

Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.