Ex-primeiro-ministro da Tailândia é absolvido em processo por insulto à monarquia
Thaksin Shinawatra estava sendo acusado em relação a uma entrevista conduzida em 2015.
Um tribunal na Tailândia negou nesta sexta-feira (22) um processo por atentado contra a majestade contra o influente ex-primeiro-ministro, Thaksin Shinawatra, superando o primeiro obstáculo de uma série de decisões judiciais de alto risco envolvendo a dinastia política Shinawatra.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
O julgamento determinou que a acusação, apresentada por militares monarquistas, relacionada a uma entrevista de Thaksin à imprensa internacional em 2015, não possuía evidências robustas para comprovar que ele tenha cometido a ofensa à monarquia, um ato passível de pena de até 15 anos de reclusão no país.
O tribunal criminal de Bangkok declarou que as provas apresentadas pelo acusado não comprovaram que a entrevista ofendeu o réu, sendo, portanto, inocente.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Com uma gravata amarela, a cor do palácio, Thaksin anunciou a decisão aos repórteres ao sair do tribunal, onde cerca de 150 apoiadores vestindo camisas vermelhas aguardavam em frente.
O empresário de 76 anos permanece uma figura relevante na política tailandesa, mesmo estando aposentado e tendo permanecido em exílio voluntário por 15 anos antes de retornar em 2023.
Leia também:
Trump e Xi Jinping se encontram em Busan para discutir relações econômicas cruciais
Polícia de Paris prende mais cinco suspeitos do roubo das joias da coroa francesa no Louvre
Israel autoriza visita do CICV a prisioneiros palestinos – crise humanitária exposta
O bilionário jurou lealdade ao rei, que é consagrado pela constituição tailandesa como alguém em posição de “adoração reverenciada”, sendo o palácio considerado sagrado pelos monarcas.
O processo envolvendo Thaksin recebeu maior destaque entre mais de 280 casos nos últimos anos sob a lei de lesa-majestade, conforme afirmado por ativistas que a consideram utilizada de maneira abusiva por conservadores para suprimir oposição e excluir adversários políticos. Monarquistas argumentam que a lei é essencial para salvaguardar a coroa.
Qual é a lesa-majestade?
O crime de ofender a família real é uma lei aplicada por algumas monarquias em todo o mundo. No entanto, poucas são tão rigorosas quanto a Tailândia.
Quem proferir críticas, insultos, difamações ou ameaças contra o rei, a rainha ou seu herdeiro aparente, poderá ser condenado a penas de prisão que variam de três a 15 anos por cada acusação, podendo algumas sentenças atingir os 50 anos.
Discutir a família real representa um risco, visto que qualquer indivíduo pode apresentar denúncias, incluindo autoridades e cidadãos, e a polícia está legalmente obrigada a investigar tais casos.
A defesa da lei é considerada essencial para salvaguardar a monarquia contra possíveis ameaças ou prejuízos, assegurar a manutenção do Reino no cerne da sociedade tailandesa e garantir a ordem pública.
“É uma lei que protege o chefe de Estado”, declarou Tul Sitthisomwong, médico e ativista pró-monarquia, analogicamente à legislação de outros países que asseguram a proteção do Estado.
Organizações de direitos humanos e defensores da liberdade de expressão já afirmam que a lei tem sido utilizada como instrumento político para sufocar o debate e silenciar os críticos do governo tailandês, além de proteger a monarquia do escrutínio e de reformas. Recentemente, os processos por lese-majestade aumentaram em períodos de instabilidade contra o governo.
Mesmo os turistas na Tailândia, um dos destinos turísticos mais procurados globalmente, devem ter cautela com suas palavras e escritos.
A possibilidade de ser processado ou acusado de lesa-majestade é sempre presente se você estiver na Tailândia, afirmou Akarachai Chaimaneekarakate, líder de advocacy da TLHR.
Com informações da CNN Internacional
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Ricardo Tavares
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.












