Ex-diretor dos Correios alerta para colapso iminente e crise fiscal alarmante

O ex-diretor financeiro e interino da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Heglehyschynton Valério Marçal, em depoimento na Comissão de Transparência da Câmara, expressou sua preocupação com o futuro da estatal. Marçal afirmou que não há mais possibilidades de reverter a situação financeira dos Correios, que, segundo ele, “inevitavelmente” entrará em colapso.

Ele lamentou a situação, descrevendo-a como “triste”, e ressaltou que a empresa enfrentará um cenário de falência, dependendo do apoio da União.

Gestão de Transição e Acordos Trabalhistas

Marçal detalhou que a empresa estava em uma fase de transição entre os governos em 2021 e que a gestão do então presidente Fabiano Silva, que deixou o cargo em julho de 2025, contribuiu para a crise. Ele apontou que acordos judiciais firmados para pagamento de causas trabalhistas, sem a devida análise judicial, agravaram a situação financeira da estatal.

A chegada de Emmanoel Rondon como presidente em setembro de 2025 não alterou a trajetória da empresa, que continuava instável.

Problemas Financeiros e Medidas de Contenção

Em 2024, os Correios registraram um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, com um patrimônio líquido negativo de R$ 4,4 bilhões, evidenciando uma crise financeira de longa data. O déficit no início de 2025 atingiu R$ 424 milhões, o maior para o mês na história da empresa.

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O Ministério da Fazenda classificou a situação como grave, alertando para a necessidade de uma reestruturação urgente. As projeções indicam que o déficit pode chegar a R$ 5,8 bilhões em 2025, representando um risco fiscal significativo para o Tesouro Nacional.

Estratégias para Reduzir o Déficit

Para tentar conter o prejuízo, os Correios realizaram uma licitação de R$ 380 milhões para publicidade e implementaram um Plano de Desligamento Voluntário, com o objetivo de gerar uma economia estimada em R$ 1 bilhão por ano. A Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios criticou a situação, alegando que a empresa foi “sucateada” por anos de má gestão e subinvestimento, agravados por políticas tributárias recentes sobre importações.

Impacto da Tributação

Segundo o ex-presidente Fabiano Silva, parte do prejuízo foi causado pela chamada “taxa das blusinhas” – tributação sobre importações – que gerou um impacto de R$ 2,2 bilhões em 2024. A situação complexa dos Correios continua sendo um desafio para o governo e para a empresa, exigindo medidas urgentes para evitar um colapso financeiro completo.