EUA vs Brasil: modelo sem autoescola gera preocupações sobre segurança no trânsito

Proposta do governo brasileiro para eliminar a obrigatoriedade de autoescolas se inspira no modelo americano, mas gera debates sobre aumento de acidentes e risc…

14/10/2025 17:22

4 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Discussão sobre a Eliminação da Obrigatoriedade de Autoescolas no Brasil

A proposta brasileira de acabar com a exigência de autoescolas para a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) tem gerado intensos debates. O governo busca diminuir custos e facilitar o acesso à habilitação, mas especialistas alertam que a falta de formação padronizada pode afetar a segurança no trânsito.

O modelo em análise se inspira em países como Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, onde a formação em autoescolas não é obrigatória. Essa abordagem levanta questões sobre a eficácia e a segurança do processo de habilitação.

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Como Funciona a CNH nos Estados Unidos?

Nos Estados Unidos, a maioria dos estados não exige que candidatos com 18 anos ou mais frequentem autoescolas. O processo varia conforme a localidade, mas possui uma estrutura básica que assegura a qualificação dos motoristas.

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Os candidatos estudam de forma independente, utilizando materiais gratuitos oferecidos pelo Department of Motor Vehicles (DMV). Após a aprovação na prova teórica, recebem uma permissão provisória para treinar com um motorista habilitado, geralmente um familiar ou amigo.

Exemplo da Califórnia

Na Califórnia, o sistema gerido pelo DMV ilustra como o modelo americano funciona. O processo inclui etapas como:

  • Apresentação de documentos (identidade, número de Seguro Social e comprovante de residência)
  • Exame de visão no DMV
  • Prova teórica sobre leis de trânsito e sinalização
  • Permissão provisória para treinar com um supervisor habilitado
  • Prova prática com veículo próprio ou alugado

O custo total gira em torno de US$ 40, considerado acessível para a maioria da população. Os materiais de estudo estão disponíveis online gratuitamente, facilitando a preparação dos candidatos.

Para menores de 18 anos, existem exigências adicionais, como comprovar 50 horas de prática supervisionada, incluindo 10 horas de condução noturna.

Exemplo da Flórida

Na Flórida, o processo também é conduzido pelo DMV, mas o exame teórico é mais extenso, com 50 questões de múltipla escolha, exigindo aprovação em pelo menos 40 delas, ou seja, 80% de acerto.

Assim como na Califórnia, o candidato deve estudar o manual do motorista disponibilizado pelo estado. Após a aprovação na prova teórica e no teste de visão, pode agendar a prova prática.

Com a aprovação, o candidato paga as taxas necessárias e recebe uma permissão provisória válida por 60 dias, enquanto aguarda a licença definitiva pelo correio.

Como Funcionaria no Brasil?

A proposta brasileira, ainda em análise, sugere mudanças no processo atual de habilitação. Atualmente, os candidatos gastam entre R$ 2.000 e R$ 3.000 com autoescolas, um investimento significativo, especialmente para populações de baixa renda.

No novo modelo, o candidato poderia estudar por conta própria com materiais do Detran, treinar com um instrutor particular (parente habilitado há pelo menos três anos), utilizar simuladores como alternativa de prática e realizar provas teórica e prática diretamente no Detran.

Os exames médicos e psicotécnicos continuariam obrigatórios e, após a aprovação nas provas, a CNH seria emitida normalmente. Apesar de se alinhar com práticas de países desenvolvidos, a proposta gera divisões de opinião.

Alguns especialistas alertam que a falta de formação padronizada pode aumentar o número de acidentes. Outro ponto crítico é a ausência de detalhes sobre fiscalização e padronização, uma vez que o Brasil ainda enfrenta desafios de heterogeneidade entre os Detrans estaduais.

Defensores da proposta argumentam que ela democratizaria o acesso à CNH, especialmente em áreas rurais com poucas autoescolas, além de reduzir a burocracia e os custos para os candidatos.

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.