EUA limitam o acesso internacional a dados climáticos

Decisão motivada por “riscos de cibersegurança” interrompe o compartilhamento de informações sobre tempestades, furacões, gelo marinho e mudanças climát…

29/07/2025 11:48

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EUA limitam o acesso internacional a dados climáticos
(Imagem de reprodução da internet).

Satélites operados pelas Forças Armadas dos EUA cessarão de disponibilizar ao público dados meteorológicos sobre a atmosfera terrestre e os oceanos a partir do final deste mês.

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A decisão foi do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, motivada por riscos de cibersegurança, que restringe o acesso global a informações essenciais para a análise e previsão do clima. Essa medida ocorre apesar do aumento da demanda por compartilhamento de dados meteorológicos, decorrente da maior frequência de eventos climáticos extremos.

Dessa forma, o intercâmbio de dados reunidos por diversos dispositivos é essencial para alcançar projeções seguras, as quais, em situações críticas de tempestades, chuvas fortes ou longos períodos de estiagem, podem evitar perdas de vidas.

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A decisão causará uma brecha no acesso de organizações de pesquisa civil a dados sobre tempestades, furacões, gelo marinho nas regiões polares ou alterações climáticas, que anteriormente eram obtidos pelos equipamentos militares dos Estados Unidos.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), um dos principais centros de pesquisa climática mundial para a previsão de fenômenos como o La Niña ou o aumento da temperatura dos oceanos, comunicou o encerramento do compartilhamento. Inicialmente, a interrupção do fornecimento de dados estava prevista para o final de junho, mas o Departamento de Defesa postergou a aplicação da medida em razão de manifestações.

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O NOAA foi um dos departamentos impactados pelas reduções orçamentárias implementadas pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump. Em março, 800 funcionários do órgão foram desligados.

Quais informações serão interrompidas?

A partir da década de 1960, o exército americano examina informações meteorológicas obtidas em escala mundial através do programa Defense Meteorological Satellite Program (DMSP).

Atualmente, existem três satélites ativos, gerenciados pela Força Aérea a partir de uma base em Nebraska, que visam “coletar e disseminar diariamente dados globais sobre cobertura de nuvens (juntamente com parâmetros ambientais oceanográficos e solar-geofísicos)”.

O sistema DMSP fornece previsões meteorológicas estratégicas para dar suporte às operações militares dos EUA em terra, no mar e no ar.

O sistema Operational Linescan System (OLS) é particularmente relevante para a meteorologia. Esses radiômetros realizam medições duas vezes ao dia da distribuição global e da temperatura das nuvens.

Os dados produzidos pelo Special Sensor Microwave Imager Sounder (SSM/IS) também são relevantes. Trata-se de um radiômetro de micro-ondas que mede a radiação térmica da Terra e é utilizado para determinar perfis de temperatura, umidade e outras variáveis atmosféricas do planeta.

Os dados brutos eram processados pelo Centro de Meteorologia Numérica e Oceanografia da Frota da Marinha dos EUA e disponibilizados para instituições de pesquisa e uso civil. Esses dados eram incorporados diariamente nos cálculos de previsões meteorológicas globais.

Especialista prevê “perda na qualidade das previsões”.

Meteorologistas enfrentam grande pressão para localizar dados alternativos e ajustar seus modelos de cálculo, buscando garantir sua continuidade de operação sem as informações fornecidas pelos Estados Unidos.

De acordo com o meteorologista Peter Knippertz, do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe (KIT), a atmosfera age como um “sistema caótico”, onde “mesmo pequenas variações de temperatura, pressão ou vento em locais distintos e em momentos diferentes podem causar um grande impacto”, afirmou à DW.

Assim, a análise de dados em tempo real sobre a atmosfera é relevante para alcançar previsões mais precisas. Para Knippertz, a falta dessas informações representa “uma perda estatisticamente mensurável na qualidade das previsões, já que as informações de micro-ondas sobre temperatura e umidade têm um impacto desproporcionalmente grande nas previsões do tempo”.

O Centro de Pesquisa Americano National Snow and Ice Data Center (NSIDC) será afetado, comprometendo suas análises sobre o gelo do Ártico – fundamentais para determinar as rotas mais seguras e economicamente viáveis para a navegação. O laboratório agora pretende utilizar dados de satélites japoneses.

Especialistas também demonstram preocupação com a proximidade da temporada de furacões no Atlântico, que costuma ser acompanhada com base nos satélites da NOAA.

A instituição declara que a perda de dados não prejudica a exatidão das previsões, uma vez que outros satélites poderiam fornecer essas informações, contudo, especialistas de países mais pobres temem que essas lacunas não sejam supridas.

Em áreas onde os dados meteorológicos ainda são coletados e transmitidos manualmente, as informações fornecidas pelos militares americanos eram essenciais para elaborar previsões confiáveis.

A estação de medição no Havaí foi encerrada.

De acordo com a mídia norte-americana, os Estados Unidos também desligaram o Observatório Mauna Loa, no Havaí, que desde 1958 registra informações cruciais sobre a composição e variações da atmosfera terrestre.

A decisão, contudo, não foi justificada pelos mesmos motivos de segurança. Dado que o observatório é fundamental para documentar e estudar o aumento do dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera e as mudanças climáticas, críticos alegam que o fechamento teria motivações mais políticas.

Fonte por: Carta Capital

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