EUA intensificam controles migratórios, endurecem exigências para vistos de brasileiros e alertam sobre impacto no turismo

A publicação de críticas negativas ao governo Trump em plataformas de mídia social pode ser utilizada como argumento para a recusa de autorizações de en…

6 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

A partir de agora, obter visto para os Estados Unidos se tornará mais complicado. A necessidade de realizar entrevistas, que antes não era exigida, afeta cidadãos de todos os países que necessitam de visto para entrar nos EUA, incluindo brasileiros. Em breve, também será implementado o aumento das taxas. O governo de Donald Trump ainda avalia a possibilidade de restringir o tempo de permanência de estudantes e jornalistas.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A principal alteração, a partir desta terça-feira, é que todos que solicitarem vistos deverão agendar uma entrevista presencial com um oficial consular, incluindo menores de 14 e maiores de 79 anos. Anteriormente, indivíduos nessas faixas etárias eram isentos da entrevista presencial.

Existem exceções e, em certos casos, ainda é possível solicitar isenção, desde que o solicitante se enquadre em algumas categorias, como documentos oficiais e diplomáticos. Também está isento quem for renovar o visto de turismo ou negócios de curta duração (B-1, B-2 ou B-1/B-2) e o anterior estiver válido ou expirou há menos de 12 meses. Esta exceção se aplica apenas aos requerentes que tinham pelo menos 18 anos quando o visto anterior foi emitido.

LEIA TAMBÉM!

A Embaixada dos Estados Unidos enfatiza que, mesmo que os requisitos de isenção sejam cumpridos, pode ser necessária uma entrevista pessoal.

Nos Estados Unidos, a Embaixada está situada em Brasília, enquanto os consulados operam em São Paulo, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro. É necessário se deslocar até um desses locais para realizar a entrevista.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Essa nova exigência complementa outras diretrizes já estabelecidas pelo governo Trump. Desde junho deste ano, o Departamento de Estado dos EUA tem solicitado que candidatos a vistos de estudante e de intercâmbio renunciem às contas em redes sociais públicas, “com o objetivo de facilitar a verificação necessária”.

Mais caro

Adicionalmente, novas mudanças estão previstas. Uma delas é referente a uma cobrança extra denominada taxa de integridade do visto, que se encontra em um pacote aprovado pelo governo e terá um custo de 250 dólares (1.357 reais, na cotação atual). Isso se somará aos 185 dólares (cerca de 1.005 reais) do preço atual.

A taxa somente incidirá para aqueles que tiverem o visto aprovado e envolverá um depósito que poderá ser restituído caso o visitante cumpra integralmente os termos e não ultrapasse o período de permanência autorizado.

Ainda não foi divulgado o governo como essa taxa será paga nem como o reembolso será efetuado, mas há indícios de que esse dispositivo possa já entrar em vigor em 1º de outubro, quando começa o ano fiscal de 2026.

Jornalistas e estudantes têm menos tempo

Na última semana, o governo Trump também emitiu uma proposta que visa restringir a duração dos vistos para estudantes, intercâmbio e membros da imprensa. O documento estabelece que estudantes estrangeiros não terão permissão para permanecer por mais de quatro anos nos Estados Unidos e os jornalistas estrangeiros poderão ter estadias limitadas a 240 dias, com direito a uma extensão com o mesmo período, exceto para jornalistas chineses, que terão apenas 90 dias.

A RFI conversou com a advogada de imigração Flávia Santos Lloyd, que comentou sobre esse endurecimento que se insere na política do governo Trump.

“Nós estamos vivendo um momento nacionalista, em que o interior dos Estados Unidos é considerado mais importante do que outros países e do que as relações com outros países. Então, essa movimentação do Departamento de Estado é completamente consistente com a política interna e externa do governo americano”, aponta a advogada. “O valor do visto é maior, o fato de as pessoas terem que ir para entrevistas, abrir a rede social, e se não estiver aberta, o seu caso não será aprovado. É uma movimentação de exclusão, onde talvez a mentalidade seja que nem todas as pessoas devem vir para os Estados Unidos”, resume.

As redes sociais como campo de batalha

Críticas ao governo americano ou à sua política externa podem ser utilizadas como justificativa para negar vistos. A advogada ressaltou que esse ponto é especialmente delicado para os brasileiros, notórios pela intensa participação digital.

Se suas opiniões não coincidem com o governo, se você demonstra sentimentos anti-americanos, isso pode ser utilizado para negar o visto. O brasileiro fala demais e essa espontaneidade pode ser interpretada como problema para outra nação. Você está sendo patriota em relação ao Brasil, mas sinalizando um problema para os EUA. Por exemplo, a situação do tarifário e a opinião Brasil-Estados Unidos: dependendo de como você está comentando sobre isso nas suas redes sociais, pode ser que isso tenha um impacto na sua emissão de visto, algo que nunca ocorreu anteriormente. Isso era mais focado em terroristas, nas pessoas que apresentavam sentimentos negativos contra os Estados Unidos.

O turismo apresenta um cenário de baixa temporada

A advogada destacou também essa contradição entre ideologia e economia. As viagens internacionais para os Estados Unidos diminuíram 3,1% em julho em relação ao mesmo período do ano anterior. Este foi o quinto mês de queda em 2025, indo contra as previsões de que as chegadas internacionais haviam retomado os níveis pré-pandemia.

A indústria do turismo provavelmente não concordará. Acredito que em algum momento essa pressão econômica vai criar um equilíbrio, no qual as grandes instituições, redes hoteleiras, até mesmo empresas aéreas, começarão a fazer uma pressão por uma flexibilização dessas regras que estão cada vez mais complexas para as pessoas virem para os Estados Unidos. Isso tem um efeito psicológico; as pessoas acabam indo para outro lugar porque está muito complicado de vir para os Estados Unidos.

O medo como instrumento político

Flávia destaca que existe um receio amplo. Investidores temem as tarifas, atletas temem problemas para competir e artistas desconfiam que eventos possam ser cancelados pela imigração. “Até pessoas que têm cidadania, residência ou visto de trabalho estão preocupadas”, afirma.

Apesar de Trump representar essa mudança, o movimento não é restrito aos Estados Unidos. Trata-se de uma tendência mundial. Observa-se isso na Alemanha, na Itália, na França, em Portugal. Cada vez mais países fecham suas fronteiras. É um movimento nacionalista global, e os EUA se tornaram o centro dessa lógica, segundo o especialista.

Fonte por: Carta Capital

Aqui no Clique Fatos, nossas notícias são escritas com a ajudinha de uma inteligência artificial super fofa! 🤖💖 Nós nos esforçamos para trazer informações legais e confiáveis, mas sempre vale a pena dar uma conferida em outras fontes também, tá? Obrigado por visitar a gente você é 10/10! 😊 Com carinho, Equipe Clique Fatos📰 (P.S.: Se encontrar algo estranho, pode nos avisar! Adoramos feedbacks fofinhos! 💌)

Sair da versão mobile