Estudo revela que humanos e chimpanzés compartilham o hábito de aderir a tendências

Estudos demonstraram que animais replicavam a ação de inserir objetos no ouvido, como uma “tendência”.

10/07/2025 15:09

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Estudo revela que humanos e chimpanzés compartilham o hábito de aderir a tendências
(Imagem de reprodução da internet).

Chimpanzés de um refúgio na África exibem uma “moda” de amarrar pedaços de grama ou galhos nos ouvidos e nádegas, conforme revelado por uma pesquisa recente.

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Em 2010, pesquisadores do santuário da espécie Chimfunshi Wildlife Orphanage Trust, na Zâmbia, notaram que uma fêmea começou a pendurar objetos na orelha, e o comportamento foi replicado por outros indivíduos do grupo, conforme relatado pelo autor principal do estudo, Ed van Leeuwen, professor assistente de biologia comportamental na Universidade de Utrecht, nos Países Baixos.

Van Leeuwen afirmou que não havia evidência de que os chimpanzés utilizassem a grama ou gravetos para aliviar dor ou coceira, pois eles estavam “muito relaxados” ao fazê-lo.

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Ele ressaltou que se assemelha mais a uma tendência de moda ou tradição social.

Curiosamente, chimpanzés de outro grupo no mesmo santuário começaram a demonstrar o mesmo comportamento mais de uma década depois, com alguns também inserindo objetos no reto.

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Dada a distância de aproximadamente 14 quilômetros entre esses dois grupos, não se pode supor que eles tenham imitado o comportamento diretamente, o que levou Van Leeuwen a investigar se os cuidadores dos chimpanzés poderiam ter influenciado o hábito.

Os funcionários de uma área da reserva haviam desenvolvido o hábito de limpar os ouvidos com palitos de fósforo ou galhos finos, enquanto os da outra área não faziam isso.

Leeuwen acredita que o comportamento foi aprendido pelos chimpanzés com os cuidadores da primeira área e, posteriormente, transmitido para outros membros do grupo. Posteriormente, os cuidadores que trabalharam com o segundo grupo também influenciaram os animais dali, que acabaram desenvolvendo o mesmo comportamento, incluindo a inserção de objetos no reto.

“Essa é uma tendência que se dissemina de maneira viral por meio do aprendizado social”, declarou Van Leeuwen.

Ele também mencionou o caso de um grupo de chimpanzés em um zoológico dos Países Baixos, onde uma fêmea começou a andar como se estivesse carregando um filhote, mesmo sem ter um. Em seguida, todas as outras imitaram o mesmo estilo de locomoção.

Adicionalmente, quando duas novas fêmeas foram adicionadas ao grupo, aquela que adotou o estilo foi rapidamente integrada, enquanto a que se recusou demorou mais para ser aceita.

Para Van Leeuwen, esses comportamentos estão relacionados a se integrar ao grupo e amenizar relações sociais — assim como ocorre entre humanos.

A interação com a grama foi mais notada em momentos de descontração, durante que os chimpanzés se encontram para realizar a limpeza mútua e brincar.

Em cativeiro, os chimpanzés não enfrentam ameaças de predadores ou disputas entre grupos, o que lhes confere mais tempo livre em comparação com seus pares na natureza.

“Eles têm muitas horas para simplesmente ficar em casa”, disse Van Leeuwen.

Ainda assim, Van Leeuwen acredita que chimpanzés selvagens também são provavelmente capazes de desenvolver comportamentos como esse — apenas pode ser que ainda não tenham sido documentados.

Ele pretende investigar se os animais são capazes de inovar repetidamente novas técnicas de busca por alimento, para verificar se eles podem desenvolver uma cultura cumulativa, assim como os humanos.

Elodie Freymann, pesquisadora associada ao laboratório Modelos de Primatas para a Evolução Comportamental da Universidade de Oxford, que não participou do estudo, declarou à CNN que esse tipo de observação é essencial para avançar na compreensão da origem e dos padrões de transmissão de comportamentos culturais em chimpanzés e outros animais não humanos.

A pesquisadora declarou que a descoberta do estudo – sobre a possível cópia entre primatas e seus cuidadores humanos – é notável.

Se chimpanzés podem imitar humanos, será que também podem aprender e copiar outras espécies não humanas? É um momento excitante para a primatologia, concluiu Freymann.

Fonte por: CNN Brasil

Autor(a):

Com uma carreira que começou como stylist, Sofia Martins traz uma perspectiva única para a cobertura de moda. Seus textos combinam análise de tendências, dicas práticas e reflexões sobre a relação entre estilo e sociedade contemporânea.