Estudo revela que 52% dos brasileiros não se sentem seguros após operação policial, diz Douglas Belchior
Estudo revela que 52% dos brasileiros não se sentem seguros após operação policial, enquanto Douglas Belchior critica a naturalização da violência contra negros
Violência contra a população negra no Brasil
Um estudo revelou que 52% dos brasileiros não se sentiram mais seguros após a operação policial, apesar de 64% aprovarem a ação. Para o historiador e fundador da Uneafro Brasil, Douglas Belchior, isso evidencia a naturalização histórica da violência contra a população negra no país. “Espero que essa contradição, em algum momento, toque na percepção da população”, afirmou Belchior em entrevista.
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Ele destacou que o Brasil vive uma falta de sensibilidade em relação a diversas formas de violência, resultado de uma cultura marcada por 400 anos de escravidão, onde a violência contra certos grupos foi normalizada. Essa naturalização, segundo o educador, explica por que chacinas e ações violentas do Estado frequentemente passam despercebidas no cotidiano.
“Temos 10, 15 mortos pela polícia em cada estado praticamente todas as semanas, e isso não causa comoção, nem se torna um tema nacional. Somente se transforma em debate quando foge do padrão”, avaliou. Belchior também mencionou a operação no Rio, a mais letal da história do país, que gerou reações inéditas, inclusive entre setores evangélicos.
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“A maioria dos evangélicos é negra. Essa violência que atinge o povo negro também afeta o povo evangélico. Essa chacina impactou esse setor e os faz refletir”, disse. Ele ressaltou que não existe um pensamento único sobre segurança pública, indicando que uma parte significativa da sociedade brasileira repudia a chacina, o racismo e o genocídio.
Movimentos sociais em repúdio à operação policial
Na sexta-feira (31), movimentos negros, sociais e populares se reuniram em repúdio à operação e ao governo. “Mais de 15 capitais e outras dezenas de cidades se manifestaram contra a chacina, denunciando o governador e exigindo políticas de acolhimento para as famílias e proteção aos defensores de direitos humanos, que estão sendo ameaçados pela polícia”, relatou.
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O fundador da Uneafro enfatizou a importância da federalização do caso e da investigação da Polícia Militar fluminense. “A polícia não tem legitimidade para se auto-investigar”, apontou.
Autor(a):
Ricardo Tavares
Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.












