Estudo recente aponta que a adoção de dieta isenta de carne contribui para a saúde do cérebro
Estudo aponta efeito neuroprotetor, ainda que seja necessário complementar a dieta com nutrientes específicos para potencializar seus efeitos.

Um novo estudo demonstra os efeitos neuroprotetores associados a dietas que enfatizam o consumo de vegetais. Trata-se de uma revisão de literatura publicada na revista Nutrients, fruto de uma colaboração entre pesquisadores espanhóis e colombianos que analisaram diversas publicações científicas sobre o tema.A nutricionista Serena del Favero, do Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que o estudo demonstra os prós e contras das dietas veganas e vegetarianas em relação à saúde neurológica e ressalta a importância de um planejamento cuidadoso, que pode envolver a suplementação, para prevenir deficiências nutricionais.A ação antioxidante de compostos presentes em hortaliças e frutas, como carotenoides da cenoura, abóbora e rúcula, e polifenóis de brócolis, uva e laranja, contribui para a proteção do cérebro. Vitaminas e sais minerais de feijões, castanhas e similares também desempenham esse papel. Essas substâncias neutralizam os radicais livres, moléculas que, em excesso, podem promover a neurodegeneração e elevar o risco de doenças como Alzheimer.Um ponto relevante é a presença de fibras, reconhecidas por promoverem a microbiota intestinal, com efeitos positivos na produção de neurotransmissores – mensageiros químicos responsáveis pela comunicação entre as células do sistema nervoso.Proteínas vegetais no cardápio.Além do cérebro, existem evidências de que cardápios com grande variedade de vegetais são aliados de todo o organismo.Um estudo recente, divulgado na revista científica Nature Communications, indica que a inclusão de fontes de proteína vegetal, principalmente leguminosas como feijão, ervilha, lentilha e grão-de-bico, está associada ao aumento da longevidade.A diminuição no consumo de alimentos de origem animal também contribui para a saúde cardiovascular, entre outros aspectos.No entanto, para eliminar completamente as carnes e produtos derivados do consumo diário, é necessário ter atenção. A educação nutricional e o acompanhamento contínuo da saúde são cruciais para otimizar os resultados de dietas veganas e vegetarianas e reduzir os riscos de deficiências, afirma a nutricionista do Einstein.Opções de cardápios sem carne.Essas dietas têm ganhado popularidade em todo o mundo, não apenas por questões de bem-estar, mas também por aspectos relacionados ao meio ambiente, já que contribuem para a redução na emissão de gases de efeito estufa.Os veganos excluem carne, peixe, leite e derivados, além de ovos e mel. Os vegetarianos não consomem carne vermelha, contudo, alguns aceitam ovos, laticínios e peixes. Há também os flexitarianos, que preferem diminuir o consumo de alimentos de origem animal, permitindo ocasionalmente essa ingestão.É preciso dar especial atenção a esses grupos para atender às necessidades nutricionais. O estudo da Nutrients, que trata da proteção neurológica, cita a vitamina B12, o ômega-3 e o ferro, entre outros nutrientes.A nutricionista explica que a B12 é crucial para os neurotransmissores e sua deficiência tende a prejudicar a cognição e o humor. “Os vegetarianos que consomem laticíneos e ovos, geralmente, conseguem atingir as recomendações”, diz. Os veganos, por sua vez, quase sempre precisam suplementar. “A suplementação deve ser individualizada, considerando o estilo de vida de cada pessoa”, afirma.O ômega-3, também conhecidas pelas siglas EPA e DHA, é uma gordura especial.Os ácidos DHA e EPA são essenciais para a integridade das membranas neurais, indicando sua importância para o correto funcionamento do cérebro. Encontram-se no salmão, sardinha e atum. No reino vegetal, a linhaça e a chia representam fontes adequadas, fornecendo ALA, um precursor do EPA e do DHA.Um nutriente que necessita atenção é o ferro. Em caso de deficiência, pode levar à anemia, gerando desconforto. A carne bovina e os feijões são importantes fontes, assim como as folhas verdes-escuras. “Contêm o ferro não-heme”, afirma Serena.A biodisponibilidade – que se refere à capacidade de ser absorvido e utilizado – é geralmente inferior quando proveniente de fontes animais. Contudo, a absorção pode ser otimizada pela combinação dessas fontes com alimentos ricos em vitamina C, como laranjas e limões, que auxiliam na captura do mineral pelas células intestinais.
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Fonte por: Poder 360
Autor(a):
Marcos Oliveira
Marcos Oliveira é um veterano na cobertura política, com mais de 15 anos de atuação em veículos renomados. Formado pela Universidade de Brasília, ele se especializou em análise política e jornalismo investigativo. Marcos é reconhecido por suas reportagens incisivas e comprometidas com a verdade.