Estudo de DNA desvenda mistério da devastação do exército de Napoleão na Rússia em 1812

Pesquisadores encontram bactérias desconhecidas em restos mortais de soldados da campanha russa de 1812, oferecendo nova visão sobre a derrota histórica.

25/10/2025 9:02

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(Imagem de reprodução da internet).

Descobertas sobre o exército de Napoleão na Rússia

Próximo ao fim de seu reinado, o imperador francês Napoleão Bonaparte comandou um exército de mais de 500 mil homens em uma invasão à Rússia em 1812. Seis meses depois, após o exército ser forçado a recuar, estima-se que apenas dezenas de milhares de soldados conseguiram retornar à França.

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Essa guerra é considerada uma das mais custosas da história, com a morte de centenas de milhares de soldados atribuída não apenas às batalhas, mas também à fome, ao frio e a uma epidemia de tifo que se espalhou entre as tropas.

Novas evidências sobre doenças no exército

Pesquisadores descobriram evidências no DNA dos restos mortais dos soldados que sugerem a presença de múltiplas doenças que devastaram o exército, incluindo duas bactérias anteriormente não identificadas. O estudo foi publicado na revista científica Current Biology.

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O autor principal, Rémi Barbieri, ex-pesquisador do Instituto Pasteur, afirmou que antes se acreditava que apenas o tifo havia dizimado o exército de Napoleão. No entanto, os pesquisadores encontraram patógenos inesperados, o que pode levar à descoberta de outras doenças infecciosas que contribuíram para as mortes.

Identificação de patógenos

Os patógenos identificados foram Salmonella enterica e Borrelia recurrentis, responsáveis pela febre paratifóide e febre recorrente, respectivamente. A análise foi realizada em dentes de soldados encontrados em uma vala comum em Vilnius, Lituânia, em 2001.

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Essas descobertas não apenas oferecem uma nova perspectiva sobre um evento histórico significativo, mas também demonstram como o avanço tecnológico permite uma melhor compreensão de circunstâncias passadas.

Condições adversas enfrentadas

Quando Napoleão e suas tropas chegaram a Moscou, não encontraram resistência, mas uma cidade deserta, com plantações queimadas e escassez de suprimentos. Com a chegada do rigoroso inverno, o exército francês foi forçado a recuar, enfrentando diversas adversidades.

A bactéria Rickettsia prowazekii, causadora do tifo, já havia sido detectada em dentes de soldados em um estudo de 2006, mas a pesquisa foi limitada pela tecnologia da época. O novo estudo utilizou sequenciamento de alto rendimento para identificar DNA degradado, permitindo uma análise mais precisa.

Impacto das novas descobertas

Os autores analisaram 13 amostras e não encontraram vestígios de tifo, mas isso não invalida as descobertas anteriores. A amostra é pequena para determinar o impacto exato das doenças no exército de Napoleão, mas agora há evidências diretas de várias doenças infecciosas presentes.

Cecil Lewis, pesquisador de DNA antigo, destacou que os resultados não foram surpreendentes, mas são uma contribuição significativa para a compreensão do fim do exército de Napoleão. Ele enfatizou a importância de estudar patógenos históricos para entender melhor as ameaças futuras.

Reflexões sobre o avanço tecnológico

A febre paratifóide e a febre recorrente ainda existem, mas são menos comuns e letais atualmente. Napoleão sobreviveu à retirada, mas seu exército reduzido contribuiu para sua queda do poder anos depois.

Rémi Rascovan expressou entusiasmo com os avanços tecnológicos que possibilitam novas descobertas, ressaltando que as inovações atuais tornam possíveis análises antes inimagináveis.

Autor(a):

Com formação em Jornalismo e especialização em Saúde Pública, Lara Campos é a voz por trás de matérias que descomplicam temas médicos e promovem o bem-estar. Ela colabora com especialistas para garantir informações confiáveis e práticas para os leitores.