A diminuição de 20% no consumo de álcool, sugerida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pode evitar 10.400 mortes anualmente, o que corresponde a uma morte a cada hora, no Brasil. A conclusão é de estudo conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) a pedido da Vital Strategies e da ACT Promoção da Saúde.
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A pesquisa “Estimativa do Impacto de Diferentes Cenários de Redução do Consumo de Álcool no Brasil” demonstra, ainda, que, ao salvar vidas, o Brasil evitaria o montante de R$ 2,1 bilhões em perdas de produtividade decorrentes de mortes prematuras.
O autor do estudo, Eduardo Nilson, pesquisador da Fiocruz e do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), da Universidade de São Paulo (USP), explica que os custos indiretos por mortes prematuras – de indivíduos com menos de 70 anos – relacionadas ao consumo de álcool representam perdas econômicas associadas à interrupção precoce da vida de pessoas em idade produtiva. Isso inclui a perda de produtividade no trabalho, o impacto na renda familiar e na economia como um todo.
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Ademais, o álcool provoca um impacto econômico considerável no país, afastando um grande número de indivíduos do mercado de trabalho antes do previsto, segundo a afirmação.
O álcool apresenta riscos à saúde.
O consumo de álcool é um dos principais fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares e câncer. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o álcool foi responsável por 2,6 milhões de mortes em 2019 em nível global, representando 4,7% de todas as mortes globais naquele ano.
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No Brasil, o estudo da Fiocruz, com base em dados da OMS, apontou que 102,3 mil pessoas faleceram em decorrência do consumo de álcool em 2019. Isso corresponde a cerca de 12 mortes por hora. Essas perdas geram prejuízos econômicos estimados em R$ 20,6 bilhões anualmente, considerando apenas as perdas de produtividade causadas pelas mortes prematuras.
“Na próxima etapa do estudo, atualizaremos nosso cálculo para incluir os custos diretos do consumo de álcool, ou seja, o valor gasto pelo nosso sistema de saúde”, afirma Nilson.
No primeiro estudo, realizado em 2024, esses custos ultrapassam R$ 1 bilhão por ano, referentes apenas aos custos federais diretos com internações hospitalares e procedimentos ambulatoriais no Sistema Único de Saúde (SUS). Com essa estimativa atualizada, também calculamos a possível economia para o SUS caso os cenários de redução de consumo de álcool de 20% ou 10% sejam implementados no país.
A diminuição do consumo de álcool requer políticas públicas.
Para diminuir de maneira eficiente os prejuízos associados ao consumo de álcool, é essencial implementar um conjunto de medidas públicas, conforme Luciana Vasconcelos Sardinha, diretora adjunta de doenças crônicas não transmissíveis da Vital Strategies.
A taxação de bebidas alcoólicas é amplamente reconhecida como a intervenção mais custo-efetiva, com forte impacto sobre o consumo e os prejuízos sociais e econômicos associados. O Brasil vive agora um momento decisivo: a definição das alíquotas do imposto seletivo é uma oportunidade concreta para o país se alinhar às melhores práticas globais.
A maioria da população concorda com a implementação de medidas para reduzir os danos relacionados ao álcool. O estabelecimento de taxas que desestimulem o consumo é fundamental para a saúde e o desenvolvimento do país. A Câmara e o Senado precisam reconhecer que essa iniciativa pode auxiliar a população a fazer escolhas mais saudáveis e diminuir os custos que incidem sobre toda a sociedade, afirma Paula Johns, diretora executiva ACT Promoção da Saúde.
A Organização Mundial da Saúde lançou a “Iniciativa 3 por 35” em julho deste ano, incentivando os países a elevarem os preços de bebidas açucaradas, álcool e tabaco em 50% nos próximos 10 anos através de impostos. Trata-se da primeira vez que a organização propõe um aumento de preço-alvo para todos os três produtos prejudiciais à saúde, principais contribuintes para doenças não transmissíveis, causa primária de morte e incapacidade em escala global.
Consumo excessivo de álcool mais que duplicou entre mulheres
Fonte por: CNN Brasil