A declaração final do Brics, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem gerado debates acerca de seu conteúdo e das posições assumidas pelos países membros.
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Vitelo Brustolin, pesquisador de Harvard e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), analisou o documento e identificou diversas contradições e omissões relevantes.
De acordo com Brustolin, o texto critica os ataques contra o Irã, mas não aborda o ataque iraniano a Israel ocorrido no ano anterior. Adicionalmente, o documento menciona a defesa da soberania, contudo, não se refere à Ucrânia diante da invasão russa que persiste há mais de três anos.
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Contradições e posicionamento brasileiro
O especialista ressaltou que o documento, com 126 tópicos, demonstra de forma evidente o posicionamento do Brasil ao ratificar a declaração. “Ficou muito claro o posicionamento do Brasil e dos países do Brics nessa declaração final”, afirmou Brustolin.
O pesquisador destacou que, entre os pontos polêmicos, o documento condena o terrorismo, porém não trata o financiamento do terrorismo internacional praticado pelo Irã, que apoia organizações como Hamas, Hezbollah e Jihad Islâmica na Palestina.
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Brustolin também destacou que o texto demonstra preocupação com o conflito nuclear, sem mencionar as reiteradas ameaças de utilização de armas nucleares proferidas por Vladimir Putin.
Omissões e incongruências
Brustolin destacou outras omissões relevantes no documento. Por exemplo, o texto cita a situação no Sudão, mas não menciona que 90% do ouro sudanês é desviado para a Rússia em troca de armas, o que contribui para o conflito interno no país.
O especialista também chamou a atenção para que o documento menciona ataques à infraestrutura civil russa, mas não faz referência aos ataques realizados pela Rússia contra a infraestrutura civil ucraniana nos últimos três anos e quatro meses.
“Se considerarmos este documento completo, ele se tornará uma ferramenta de análise na academia por muito tempo, pois demonstra de forma clara a posição que o Brasil adotou no atual governo brasileiro”, concluiu Brustolin, ressaltando a importância do texto para compreender o posicionamento diplomático do país.
Fonte por: CNN Brasil
