Na última semana, um vídeo do influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, se tornou viral nas redes sociais ao expor a exploração e a sexualização de menores na produção de conteúdo online.
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De acordo com informações do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o mês de agosto registrou o maior volume de denúncias sobre violência sexual física e psicológica contra crianças e adolescentes no ambiente virtual, totalizando 261 registros. Desses casos, 243 denúncias foram reportadas após a publicação do vídeo envolvendo Felca.
Em entrevista à CNN, Maurício Okamura, médico psiquiatra na Amil, detalhou os danos dessa exposição antecipada para o desenvolvimento de crianças e adolescentes. “Isto (a adultização) pode causar confusão em relação à identidade, vínculos e limites pessoais, impactando a formação da autoconfiança e do equilíbrio emocional”, avaliou.
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O contato inicial com esse tipo de conteúdo, especialmente os sexualizados, pode provocar ansiedade ou constrangimento, e até mesmo sintomas de depressão. “Quando a imagem de uma pessoa é tratada como um objeto antes dela se tornar completamente independente e madura, há possibilidade de criação de expectativas externas difíceis de atender”, ressaltou Okamura.
Diante do desafio de educar uma geração cronicamente online, o especialista aconselha os responsáveis a ouvirem as crianças e os adolescentes. “Manter o diálogo sobre o conteúdo online, estabelecer regras de uso da internet e incentivar atividades offline são fundamentais”, afirma o médico.
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Observe indicadores de sofrimento emocional e busque auxílio especializado quando for necessário. Utilize ferramentas de moderação de conteúdo e monitore as configurações de privacidade nas redes sociais.
Denúncias
Entre 2020 e 2024, o Brasil contabilizou 7.524 denúncias de violência sexual física e psicológica envolvendo crianças e adolescentes.
Até a segunda-feira (11) deste ano, foram registradas 1.057 denúncias desse tipo no país. Aproximadamente 72% dos envolvidos como suspeitos são homens e 43% das crianças e adolescentes vítimas são meninas.
As primeiras semanas de agosto registraram o maior volume de denúncias, com 261 registros, sendo 243 após a publicação da Lei Felca, que aborda o tema. Esse é o maior número em seis anos, desde o início dos registros, conforme o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
O vídeo
No vídeo, o influenciador Felca aborda a sexualização de crianças, mencionando “coaches mirins”, adolescentes e até crianças que discutem sobre investimentos na internet. Em um dos trechos apresentados, um jovem declara que a escola “prejudicava o desenvolvimento” dele.
O youtuber oscila entre ironia e seriedade, apresentando críticas aos pais e responsáveis. Ele informa que o conteúdo se tornaria mais sério à medida que progredisse.
Em seguida, Felca relaciona o tema da exploração sexual à questão da pedofilia, argumentando que a manipulação de algoritmos nas redes sociais facilita a exposição e a exploração de crianças – denominado “algoritmo” –, tornando-as alvos mais suscetíveis a criminosos.
A partir de então, segue-se o caso do influenciador paraibano Hytalo Santos. Desde 2024, Hytalo é investigado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) por possível exploração de menores em conteúdos publicados nas redes sociais. Hytalo e o marido foram presos em São Paulo na sexta-feira (15) em decorrência desta investigação.
Até a publicação desta matéria, no sábado (16), o vídeo de Felca contava com mais de 40 milhões de visualizações.
Fonte por: CNN Brasil