Escalada da tensão comercial entre EUA e China traz benefícios ao Brasil

Republicano anuncia nova alíquota de 100% após meses de trégua entre as duas maiores economias do mundo.

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(Imagem de reprodução da internet).

Tensões Comerciais entre EUA e China se Intensificam

Após um período de tranquilidade nas relações entre Estados Unidos e China, Donald Trump voltou a criticar o gigante asiático nesta sexta-feira (10). Ele anunciou novas tarifas de 100% sobre produtos chineses, que se somam aos 30% já aplicados.

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Em uma postagem em sua rede social, Trump informou que os EUA implementarão controles de exportação sobre todos os softwares essenciais fabricados no país a partir de 1º de novembro “ou antes”. Ele também ameaçou restringir as exportações de peças da Boeing para a China, em resposta à limitação de vendas de terras raras por parte do país asiático.

Até o momento, Pequim não anunciou retaliações, mas analistas acreditam que isso é uma possibilidade, considerando ações anteriores. Para especialistas, essa nova escalada nas tensões entre as duas maiores economias do mundo pode beneficiar o Brasil, continuando a tendência observada desde o início das tarifas dos EUA.

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Impacto nas Exportações de Soja

Ian Lopes, economista da Valor Investimentos, destaca que o Brasil tem se destacado na venda de soja para a China, ocupando um espaço que antes pertencia aos produtores norte-americanos. “A soja brasileira nunca vendeu tanto para os chineses, que pararam de comprar dos americanos”, afirma.

A perda de mercado na China foi recentemente mencionada por produtores dos EUA. A American Farm Bureau Federation, que representa 6 milhões de agricultores norte-americanos, apontou que o Brasil se tornou um fornecedor importante nesse cenário.

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O relatório da entidade revela que o volume de soja embarcado dos EUA para a China caiu quase 78% entre janeiro e agosto deste ano em comparação ao mesmo período de 2024. “Mesmo com preços competitivos, a China tem reduzido sua dependência dos Estados Unidos”, destaca o documento.

Possíveis Retaliações e Oportunidades para o Brasil

O economista da Valor acredita que a situação pode se intensificar com possíveis retaliações da China. “Eles já deixaram claro que não têm medo de tarifas de guerra comercial”, observa.

Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, vê o Brasil se beneficiando também nas importações. Com as barreiras ao mercado dos EUA, a China pode buscar novos destinos para escoar sua produção. “Isso pode aumentar a oferta e reduzir preços”, explica.

Esses efeitos podem ajudar a controlar a inflação no Brasil, mas devem ser sentidos ao longo do tempo, complementa o especialista. “A balança comercial se beneficia, mas é um benefício que se estende mais ao longo dos próximos anos”.

Interdependência entre EUA e China

Os Estados Unidos e a China são as duas maiores economias do mundo. Embora o México tenha se tornado a principal fonte de produtos estrangeiros para os EUA, os norte-americanos ainda dependem da China para centenas de bilhões de dólares em mercadorias.

A China, por sua vez, é um dos principais mercados de exportação dos EUA, especialmente em eletrônicos, vestuário e móveis. Trump pressionou executivos, principalmente na área de tecnologia, a transferir a produção para os EUA, mas sua abordagem se suavizou nos últimos meses.

Após impor tarifas mínimas de 145% sobre produtos chineses, Trump concedeu isenções para eletrônicos, que passaram a ter tarifas de 20%. Essa medida foi um reconhecimento do impacto negativo que suas tarifas estavam causando à economia americana.

Em maio, autoridades dos dois países concordaram em reduzir tarifas entre si, consolidando ainda mais a interdependência comercial. A China diminuiu as taxas sobre exportações americanas de 125% para 10%, enquanto os EUA reduziram as taxas de 145% para 30%.

Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.

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