Ernest Shackleton: Novo estudo questiona relatos sobre naufrágio do Endurance

Ernest Shackleton: relatos do explorador podem ser equivocados, revelam novas pesquisas de cientistas.

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(Imagem de reprodução da internet).

Naufrágio do Endurance: Uma Nova Perspectiva Revelada

Quando o explorador polar Ernest Shackleton escreveu essa entrada em seu diário em 27 de outubro de 1915, seus sonhos de chegar à Antártica haviam sido tragicamente destruídos — junto com seu navio, o HMS Endurance. “Ele estava condenado, nenhum navio construído por mãos humanas poderia ter resistido à pressão.” A embarcação estava presa no gelo desde janeiro, no Mar de Weddell, e no fim de outubro o gelo havia arrancado o leme, rompido a quilha, quebrado as vigas do convés na casa de máquinas e perfurado as laterais do barco.

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A Lenda do Leme Perdido

Os eventos assustadores que se seguiram — com Shackleton liderando com sucesso uma ousada missão para buscar ajuda após a tripulação evacuar para uma placa de gelo e o navio afundar — deixaram talvez a maior marca na história da exploração antártica. Por mais de um século, a explicação de Shackleton sobre o naufrágio do Endurance pela destruição do leme foi aceita sem questionamentos. No entanto, uma nova análise sugere que a causa do acidente foi uma fraqueza estrutural — e que ele sabia das falhas de seu navio — de acordo com o Dr. Jukka Tuhkuri, professor do departamento de energia e engenharia mecânica da Universidade Aalto, na Finlândia. Tuhkuri publicou suas conclusões na segunda-feira, no periódico Polar Record.

A Falha Estrutural Revelada

O HMS Endurance, que zarpou para o continente Antártico em 1914, tinha uma estrutura externa resistente, reforçada para colisões, mas não tinha vigas diagonais internas para protegê-lo do gelo marinho esmagador • Hulton Archive/Getty Images. Navios de madeira projetados para exploração polar normalmente reforçavam seus cascos internamente com vigas diagonais de suporte, que sustentavam as laterais do barco contra a compressão lateral causada pelo poderoso gelo marinho, explicou Tuhkuri, especialista em mecânica do gelo. Embora o Endurance tivesse uma carcaça externa robusta, reforçada para resistir a colisões, ele não possuía essas vigas diagonais internas que o protegeriam da pressão do gelo. “Ele não foi projetado para suportar pressão”, disse Tuhkuri à CNN.

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A Decisão de Shackleton

Mesmo após o naufrágio, Shackleton e outros chamaram o Endurance de “o navio de madeira mais forte de sua época”, escreveu Tuhkuri. No entanto, a correspondência do explorador indica que ele estava bem ciente das limitações estruturais da embarcação e tinha dúvidas sobre ela. Ainda assim, isso não foi suficiente para impedi-lo de comprá-la. “Acredito que o Endurance foi o melhor navio que ele poderia conseguir quando precisava e por um preço que podia pagar”, afirmou Tuhkuri. Sob pressão, o gelo compacto, um tipo flutuante livre que deriva no oceano aberto, cerca a Antártica. Movido por correntes e ventos, o gelo se comprime e colide, formando massas ainda maiores — e a força dessas colisões lentas é considerável.

A Mentalidade da Exploração Polar

Quando duas placas de gelo colidem, formam o que chamamos de cristas de pressão”, disse Tuhkuri. “São como pequenas montanhas e podem ter dezenas de metros de espessura”. Um navio preso entre as placas — imobilizado — ficava à mercê das estruturas. Para os exploradores polares do início do século XX, ficar nessa situação era um risco esperado que podia durar meses, e o desfecho nunca era certo, explicou o Dr. Ross MacPhee, curador sênior residente do Museu Americano de História Natural, em Nova York. Se a tripulação tivesse sorte, os ventos ou as correntes mudariam, o gelo se soltaria e a embarcação conseguiria se libertar. O navio alemão Deutschland, por exemplo, ficou preso por oito meses no Mar de Weddell em 1912 antes de escapar do gelo compacto. Mas, se tivessem azar, o gelo esmagaria o navio até ele se despedaçar, contou MacPhee à CNN. “Na maioria das vezes, você conseguia escapar”, disse ele. “Mas às vezes, não.”

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Conclusão: Uma Nova Compreensão do Naufrágio

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Fluente em quatro idiomas e com experiência em coberturas internacionais, Ricardo Tavares explora o impacto global dos principais acontecimentos. Ele já reportou diretamente de zonas de conflito e acompanha as relações diplomáticas de perto.

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