Médicos responsáveis pelo tratamento de Pedro Severino no Hospital Unimed de Ribeirão Preto (SP) falaram nesta quinta-feira (12) sobre o processo de recuperação do jovem. O atacante do time sub-20 do Red Bull Bragantino recebeu alta nesta quarta-feira (11) após quase cem dias de internação. “O material utilizado (na prótese) é biocerâmica, é feito por impressora 3D, é esterilizado e, teoricamente, não precisa ser retirado mais”, comentou o neurocirurgião Romeo Boullosa. “Ela tem uma integração muito boa com o osso normal, é fixada com parafusos de titânio e faz parte da anatomia do paciente”. Gil Teixeira, líder da equipe do caso e coordenador da UTI, afirmou que a reabilitação de Pedro superou as expectativas dos médicos e da família. “Estamos falando de um paciente com traumatismo craniano grave em que 50% dos pacientes vão a óbito”. “Havia 98 dias ele estava lutando pela sobrevivência e muitas coisas positivas aconteceram. Isso mostra que a gente nunca pode subestimar um paciente jovem”.
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O atleta submeteu-se a quatro cirurgias: traqueostomia, gastrostomia (para nutrição) e duas neurocirurgias. A primeira visou “corrigir o cérebro”, afetado pela perda de parte do osso craniano, e implantar uma prótese. A segunda, os cirurgiões reconstruíram a base do crânio e fecharam uma fístula causada pela operação anterior. É difícil prever quais evoluções Pedro ainda pode ter, agora que estará fora do hospital. “A batalha extra hospitalar ainda é um caminho longo”, afirmou Teixeira, que reforçou a importância do apoio psicológico da família do paciente. “Eles estão prontos para lidar com o que vai vir”, disse. “Em um primeiro momento achávamos que ele não estava vendo nada, mas ele está reconhecendo as pessoas e jogando videogame no celular. Agora, qual é a qualidade dessa visão? Só o tempo vai dizer”, contou Boullosa. Ele elucidou ainda que o lado esquerdo do corpo de Pedro foi o mais afetado, por conta do maior impacto no lado direito do cérebro, mas acredita que os movimentos ficarão próximos da normalidade com o tempo.
Apesar de parecer preocupante, Amanda Benelli Kujavo, cardiologista coordenadora de enfermagem, declarou que Pedro saiu da internação em uma condição satisfatória. “Ele está consciente, orientando e verbalizando”, afirmou. “Quando Pedro é estimulado com fala, ele responde, mas de maneira lenta. Ele tem um quadro inflamatório que ainda precisa ser melhorado”. Ela detalhou o tratamento de recuperação do garoto. “Em todas as sessões de terapia ele tem jogado bola”, revelou. “Com 30 e 40 dias, ele já estava fazendo movimentos com a bola. O que estimula essa melhora é a neuroplasticidade, a capacidade que o cérebro tem de fazer novas conexões, e isso depende de estímulos. Por isso, a bola foi a primeira coisa que pensamos em oferecer a ele”. Ainda é cedo para dizer quando Pedro voltará a jogar bola. São necessários ao menos dois anos para os médicos conseguirem falar em sequelas definitivas. A equipe não planeja uma nova cirurgia.
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O que ocorreu?
O jogador de 19 anos foi vítima de um acidente de trânsito na madrugada de 4 de março, na rodovia Anhanguera, interior de São Paulo. O automóvel que transportava o atleta e um companheiro de equipe, que se deslocavam para se encontrarem com o treinador da equipe sub-20 do Red Bull Bragantino, colidiu com a parte traseira de um caminhão. Pedro foi encaminhado ao hospital com traumatismo craniano e em estado grave. Posteriormente, a equipe médica iniciou o procedimento para confirmar a morte encefálica do jogador, mas interrompeu-o no dia seguinte devido a um episódio de tosse. “A abertura do protocolo de morte encefálica são etapas de avaliações médicas em intervalos diferentes, constatando ou não o funcionamento do cérebro. Podemos falar da assertividade da descontinuação do protocolo”, declarou Gil Teixeira, nesta quinta-feira.
Dezoito dias após, Pedro foi transferido da UTI para um quarto. Com acompanhamento de alta complexidade, durante 17 dias consecutivos, realizado por médicos intensivistas, neurocirurgiões, neurologistas clínicos e equipe multidisciplinar, coordenados pelo médico intensivista Gil Teixeira, o paciente foi transferido da UTI para o quarto no início da noite de segunda-feira (24/3) para a continuidade do tratamento. A equipe médica esclarece que o quadro neurológico de Pedro Severino ainda requer cuidados e necessita manutenção de internação hospitalar, conforme informado em boletim oficial, à época.
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Apenas no dia 22 de maio, o pai de Pedro comunicou que o menino já não corria risco de morte. “Após 80 dias de grande angústia, muitas lágrimas, porém muitas surpresas e alegrias, o Pedro está vivo e viverá!”, escreveu nas redes sociais. “Reiteramos que não sabemos como agradecer às inúmeras orações e positividade, isso fez a diferença para nos motivar!”
Com informações do Estadão Conteúdo Publicado por Sarah Paula
Fonte por: Jovem Pan