Entidades financeiras apoiam Banco Central na liquidação do Banco Master, alertando sobre riscos de revisão de decisões e defendendo a supervisão técnica.
No último sábado (27), quatro entidades que representam bancos, financeiras e fintechs emitiram uma nota conjunta em apoio à atuação do Banco Central (BC) no processo de liquidação do Banco Master. O documento enfatiza a importância da preservação da autoridade técnica e da independência do regulador, especialmente diante de questionamentos sobre suas decisões.
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As entidades ressaltam que a presença de um regulador técnico e independente é fundamental para garantir um sistema financeiro robusto e resiliente. O comunicado destaca que o Banco Central tem exercido essa função com “supervisão bancária atenta e independente, de forma exclusivamente técnica, prudente e vigilante”.
Na nota, as associações do setor financeiro alertam sobre os perigos de uma possível revisão das decisões técnicas do BC por outros órgãos. Segundo o texto, essa situação poderia criar um “terreno sensível de instabilidade regulatória e operacional”, resultando em insegurança jurídica e comprometendo a previsibilidade das decisões, além da confiança no sistema financeiro.
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Assinam a nota a ABBC (Associação Brasileira de Bancos), a Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito), a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e a Zetta, que representa empresas do setor financeiro e de meios de pagamento. Juntas, essas associações abrangem mais de 100 instituições, representando cerca de 90% do setor financeiro e 98% dos ativos do sistema.
O documento reconhece que o Poder Judiciário tem o papel de analisar os aspectos jurídicos da atuação do Banco Central, mas defende que o mérito técnico das decisões prudenciais deve ser mantido. Para as associações, enfraquecer a autoridade do regulador pode ter consequências negativas para a economia e aumentar os riscos para depositantes e investidores, especialmente pessoas físicas.
As entidades destacam que a supervisão do BC é preventiva, garantindo que bancos e outras instituições mantenham níveis adequados de capital e liquidez, além de políticas de risco alinhadas aos seus modelos de negócio. Elas citam o baixo número de instituições com problemas de solvência nos últimos anos, mesmo durante a crise financeira de 2008 e a pandemia de covid-19.
As manifestações ocorreram no mesmo dia em que o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu manter a realização de uma acareação no inquérito que investiga irregularidades envolvendo o Banco Master. A audiência está agendada para a próxima terça-feira (30) e reunirá o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos, o controlador do Master, Daniel Vorcaro, e o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa.
A acareação tem como objetivo confrontar versões sobre a atuação do BC e indícios de fraude na tentativa de venda do Master ao BRB. O processo está sob sigilo no STF, após Toffoli assumir o caso, que anteriormente tramitava na Justiça Federal de Brasília.
A decisão foi tomada a pedido da defesa de Vorcaro e ocorre em meio a questionamentos sobre possíveis falhas na supervisão e fiscalização do banco liquidado.
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Apaixonada por cinema, música e literatura, Júlia Mendes é formada em Jornalismo pela Universidade Federal de São Paulo. Com uma década de experiência, ela já entrevistou artistas de renome e cobriu grandes festivais internacionais. Quando não está escrevendo, Júlia é vista em mostras de cinema ou explorando novas bandas independentes.