O governo brasileiro não considera provável um encontro entre Lula e Donald Trump nos Estados Unidos, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em setembro. A declaração foi feita por Celso Amorim, assessor especial da Presidência, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
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O assessor de Lula afirma que o brasileiro poderá encontrar Trump na Assembleia da ONU e receber um tratamento desfavorável, contudo não há previsão de uma reunião oficial e bilateral durante a permanência da delegação no país.
O Brasil, por tradição, é o primeiro a se pronunciar na Assembleia Geral, e os Estados Unidos são o segundo. [Lula e Trump] podem se encontrar, podem não se encontrar. […]. Agora, hoje, eu não creio que esteja nos planos pedir um encontro, disse Amorim aos jornalistas.
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O assessor ressaltou que se trata de uma avaliação de situação e que, nas próximas semanas, pode ser alterada caso os “gestos” realizados pelos dois países “justifiquem” a mudança. Estados Unidos e Brasil, contudo, estão registrando e negociando um alívio das disputas comerciais. Até o momento, não há indícios de que os norte-americanos diminuam as tarifas para os produtos brasileiros.
A negociação, inclusive, foi assunto da entrevista e, segundo Amorim, o Brasil sempre estará aberto a dialogar com os Estados Unidos. Ele mencionou, contudo, “novos desafios” no cenário atual que dificultam o diálogo. Segundo ele, os fatores políticos, como a defesa de Trump a Bolsonaro e as sanções contra Alexandre de Moraes, são dois dos obstáculos que devem ser levados em conta em qualquer discussão. “É preciso que a nossa parte envolva a defesa do interesse nacional e o não aceitar provocações”, ressaltou.
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Reunião paralela
Amorim argumenta que o Brasil deve manter a realização de uma reunião paralela ao evento oficial da ONU, com a defesa da democracia como tema central. Contudo, ele rejeitou a ideia de que o encontro tenha o objetivo de transmitir qualquer mensagem a Trump.
Não nos causa nenhuma preocupação, pois o objetivo não é atacar um país ou outro. O objetivo é, por exemplo, observar como as redes sociais são, por vezes, desvirtuadas com discursos de ódio e analisar as causas profundas dessa erosão da democracia, que não é um fenômeno que está ocorrendo somente no Brasil ou na América Latina, mas também na Europa, onde se vê o crescimento da extrema-direita.
Fonte por: Carta Capital