Empresa privada brasileira busca incluir China em negociações com os EUA
A análise considera que as tarifas possuem, de fato, um caráter mais político e geopolítico do que econômico.

Empresários envolvidos em diálogos com o governo federal e viagens aos Estados Unidos para negociações com autoridades americanas buscam enfatizar o perigo de a China aumentar sua influência no Brasil, caso a alíquota de 50% sobre produtos brasileiros seja implementada.
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Segundo a analista de economia da CNN, Thais Herédia, o grupo de senadores com viagem agendada a Washington pretende utilizar o mesmo argumento.
A estratégia considera que as tarifas possuem um contexto mais político e geopolítico do que econômico. Na carta em que anunciou a tarifa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, atribuiu um caráter político ao mencionar o ex-presidente Jair Bolsonaro.
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Ademais, em outras ocasiões, Trump já ameaçou impor sobretaxas a países do BRICS ou que adotem medidas “antiamericanas”.
A estratégia, contudo, pode encontrar barreiras, uma vez que nem o setor privado, nem os senadores envolvidos têm acesso direto à Casa Branca.
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A proposta dos produtores é demonstrar às empresas e autoridades americanas que, caso o objetivo das tarifas seja impedir o Brasil de adotar políticas de desvalorização, o resultado pode ser o contrário.
Atualmente, o Brasil se encontra mais próximo da China nas relações comerciais, e o BRICS expandiu-se nos últimos anos em número de países membros.
Empresários entrevistados pela CNN apontam alguns pontos relevantes para os Estados Unidos.
O setor mineral foi, inclusive, o primeiro do setor privado a ser acionado pelas autoridades americanas após o anúncio da tarifa.
O Ministério de Minas e Energia, juntamente com representantes do governo dos Estados Unidos, se reuniu na quarta-feira (23) para discutir um possível acordo entre os países relacionado aos minerais críticos e a taxa de 50%. A solicitação da agenda foi feita pelos americanos.
O setor mineral foi apontado como peça-chave nas negociações com o governo de Donald Trump.
Atualmente, este mercado é quase inteiramente controlado pela China. Diminuir a dependência em relação a Pequim tem sido uma das principais prioridades da administração Trump.
A China possui mais de 80% da capacidade de produção global de células de bateria, além de concentrar mais da metade do processamento mundial de lítio e cobalto, conforme informações da Agência Internacional de Energia.
Uma das principais linhas de argumentação do Brasil nas negociações com os Estados Unidos será a influência da China nesse mercado.
No setor agrícola, que representa três dos dez produtos mais exportados do Brasil para os Estados Unidos, a estratégia permanece a mesma. O agronegócio brasileiro tem intensificado os laços com a China, principal destino das exportações do setor.
Em maio, durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Pequim, Brasil e China assinaram 20 acordos bilaterais, com seis deles focados no setor agropecuário.
Além dos acordos governamentais, o setor privado também avançou na estratégia de aproximação.
A Abiec e a ABPA abriram uma sede colaborativa em Pequim.
Compreenda a política tarifária de Trump em relação ao Brasil e seus efeitos na economia.
Fonte por: CNN Brasil
Autor(a):
Pedro Santana
Ex-jogador de futebol profissional, Pedro Santana trocou os campos pela redação. Hoje, ele escreve análises detalhadas e bastidores de esportes, com um olhar único de quem já viveu o outro lado. Seus textos envolvem os leitores e criam discussões apaixonadas entre fãs.