Empresa de tecnologia se alia em oposição a projeto que pode colocar em risco a governança da internet no Brasil

Manifesto adverte sobre os perigos para a sociedade brasileira, caso a Proposta de Lei nº 4557/2024 seja aprovada.

04/06/2025 0:47

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Empresa de tecnologia se alia em oposição a projeto que pode colocar em risco a governança da internet no Brasil
(Imagem de reprodução da internet).

As principais entidades representativas do setor de Tecnologia da Informação (TI) expressaram, em 30 de maio, por meio de um manifesto conjunto, grande preocupação com o Projeto de Lei nº 4557/2024, que propõe alterações significativas na governança da Internet no país. A proposta visa transferir para a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) atribuições atualmente desempenhadas com excelência pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). A inclusão abrange desde atividades normativas até funções privadas essenciais, como o registro e a manutenção de nomes de domínio, além da alocação de endereços IP.

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As partes envolvidas consideram que o projeto contém indevidamente flagrantes inconstitucionalidades e vícios de iniciativa, ao propor alterações na organização do Poder Executivo por meio de proposição legislativa e ao conferir poderes privados a uma Agência Reguladora. O documento manifesta preocupação com os riscos para a sociedade brasileira caso seja aprovado. “É desorganizado o modelo multissetorial e democrático de governança da Internet, que é referência internacional e base para negócios, educação e inclusão social”, afirma o documento.

Atualmente, o CGI.br é composto por vinte e um membros, que representam governo (nove), setor privado (quatro), comunidade técnico-científica (quatro) e terceiro setor (quatro). Esse modelo multissetorial tem promovido um ambiente digital robusto, plural e sustentável. O comitê supervisiona e delega funções ao NIC.br, entidade privada sem fins lucrativos, responsável por atividades técnicas estratégicas, como a gestão do sistema nacional de Pontos de Troca de Tráfego e a administração dos nomes de domínio e endereços IP no país.

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A proposta do PL 4557/2024, ao transferir essas funções para a ANATEL, desconecta a governança da Internet — que envolve protocolos e normas — da governança das infraestruturas físicas de telecomunicações, que compete à ANATEL. “Essa separação é um pilar das boas práticas internacionais, como se observa na relação entre a União Internacional de Telecomunicações (UIT) e entidades como a Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (ICANN) e a Internet Assigned Numbers Authority (IANA).”

As partes ressaltam que o modelo atual é de vetor de expansão e diversificação de atores e serviços no ambiente digital brasileiro. “Embora seja sempre legítimo e necessário buscar o aperfeiçoamento das instituições, a proposta do PL 4557/2024 representa um retrocesso grave ao comprometer um arranjo institucional que funciona, é eficiente e já está consolidado.”

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Diante dos riscos apresentados, as partes envolvidas instam a Câmara dos Deputados a vetar o PL 4557/2024, mantendo o sistema de governança da Internet que assegura um ambiente plural, eficiente e democrático no Brasil.

Fonte por: Jovem Pan

Gabriel é economista e jornalista, trazendo análises claras sobre mercados financeiros, empreendedorismo e políticas econômicas. Sua habilidade de prever tendências e explicar dados complexos o torna referência para quem busca entender o mundo dos negócios.